Desde que foi criada, em 2019, a Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD) “registou 110 situações relacionadas com racismo ou xenofobia em contexto de espetáculos desportivos, 39 das quais foram encaminhadas para o Ministério Público por existência de indícios de prática de crime e as restantes 71 deram lugar a processos de contraordenação instruídos pela APCVD”.
Segundo os dados enviados ao DN pelo organismo liderado por Rodrigo Cavaleiro, nos primeiros seis meses de atividade, a Autoridade registou 17 casos, a que se somaram mais 21 na época 2019-20. Depois a pandemia afastou os adeptos dos estádios e o número baixou... para um na época 2020-21. Os casos voltaram a subir em 2021-22 (21) e bateram recordes em 2022-23 (39). Nesta temporada já foram reportados 11 infrações desse tipo, incluindo o caso de Chiquinho, no Farense-Famalicão da 21.ª jornada da I Liga.
"A sensibilização que temos feito junto de diferentes intervenientes para que reportem todos os casos de que tenham conhecimento visa dois objetivos: chegar aos infratores, responsabilizando-os , mas, não menos importante, mapear o maior número de ocorrências possível. A denúncia de casos de racismo em espetáculos desportivos, mesmo quando não se consegue indicar o presumível autor das ofensas, permite-nos, pelo menos, melhor conhecimento da realidade e uma noção mais aproximada do número total de casos. E verifica-se um número superior (25) de condenações efetivas , com base nas provas apuradas, o que demonstra que há consequências para estes comportamentos desviantes, o que, por sua vez, incentiva o aumento das denúncias", acredita o presidente da APCVD.
Por isso, segundo Rodrigo Cavaleiro, "será natural, no futuro, verificar-se um aumento do número de casos registados, o que não significa necessariamente um crescimento do problema, mas antes um melhor conhecimento da sua dimensão real". Isto porque, segundo o dirigente, "o aumento dos níveis de consciencialização para o problema levará cada vez mais os adeptos a não compactuar e a não ficar em silêncio perante atos de discriminação racial a que assistam nas bancadas, deixando cada vez mais isolados os autores desde tipo de expressões de ódio".