50 canções a chamar Abril
02 abril 2024 às 00h04
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#27 “Trova-dor” (Pedro Barroso), Pedro Barroso, 1970

A crítica acrítica do real

Nas palavras de Tito Lívio na revista “Mundo da Canção” logo após a saída deste primeiro disco de Pedro Barroso, este era um “novo e sensacional” lançamento da editora Zip-Zip. Lembro que Pedro Barroso tinha sido um dos cantautores revelados no programa “Zip-Zip” (22 de dezembro de 1969). Ele era definido como tendo “voz melodiosa, com boas tonalidades, uma dicção boa” e a canção era vista como um “produto um tanto híbrido”, devido à importância dada aos poemas, com os temas de sempre do cantor: a mulher, o amor, o mar, a natureza, a solidariedade, os tipos humanos, a portugalidade e a reflexão sobre a vida. As canções deste primeiro disco têm orquestração de Thilo Krasmann e fundo coral do Intróito. A capa é desenhada por Manuel Vieira. Na contracapa, surge um texto do próprio: “Na interiorização que faço do mundo visível está a resposta a porque canto e componho, entre várias outras ocupações; por necessidade hedonística de uma função vital entre várias outras funções vitais: a de, no som, trazer os outros a mim, e levar-me a eles também. No movimento – a pessoa; na pessoa – a opção; na opção – o certo e o errado; o meu certo – o possivelmente errado; eu próprio – um caminho a discutir em função de um querer DAR, sem justificação maior que a de DAR simplesmente.” A revista “Mundo da Canção” (agosto de 1970) publicou a letra desta canção, que no refrão se expressa com propósito: “Que bem cantas, que bem cantas / Que bem cantas trovador / Que calados estão todos / Como te ouve o teu senhor / Com tal prazer / Com tal prazer”.