O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, visita oficialmente São Tomé e Príncipe, a partir de amanhã, 17, até 19 de julho.
Paulo Rangel tem reuniões marcadas com, com encontros marcados com o Presidente da República, Carlos Vila Nova, com o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, e com o seu homólogo, Gareth Guadalupe.
Esta deslocação ganha relevância na sequência da recente aproximação da Rússia a este país, que se encontra numa posição estratégica entre os continentes europeu, africano e americano e pela sua localização no Golfo da Guiné, uma área de crescente importância global.
A 24 de abril último, São Tomé assinou com a Rússia um acordo técnico militar, que fez soar os alarmes, que prevê que prevê formação, utilização de armas e equipamentos militar e visitas de aviões, navios de guerra e embarcações russas ao arquipélago.
Na semana passada, o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros e enviado especial do Presidente Vladimir Putin às celebrações dos 49 anos da Independência Nacional, Mikhail Bagdanov, manifestou em São Tomé a disponibilidade total do seu país em cooperar nas áreas em que as autoridades nacionais considerem importantes.
Na agenda de Paulo Rangel está a apresentação de três projetos no domínio da cooperação na Defesa: um de assessoria à estrutura superior da Defesa e das Forças Armadas; outro com a Guarda Costeira; e um terceiro envolvendo o pelotão de Engenharia Militar, para construções.
Está ainda prevista uma visita ao programa “Saúde para todos - consolidação do Sistema Nacional de Saúde de São Tomé e Príncipe, implementado pelo Instituto Marquês de Valle Flôr e financiado pelo Camões.
A relevância geopolítica das pequenas nações insulares está diretamente ligada à sua capacidade de servir como pontos de apoio logísticos e militares, essenciais para o domínio marítimo.
São Tomé, que integra a Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa, situa-se numa encruzilhada de rotas marítimas essenciais, desempenhando um papel crucial na vigilância e controlo do Atlântico Sul.
Em reação à notícia do acordo com a Moscovo, Paulo Rangel chegou a manifestar a sua "estranheza" e "apreensão".
"Estando nós na situação internacional em que a Federação Russa é autora de uma guerra de agressão que, além do mais, põe em causa o continente europeu, evidentemente que manifestamos uma grande preocupação", disse na altura o ministro.
Esta posição levou o primeiro-ministro são-tomense a responder, lembrando que o seu país é independente e soberano e que ninguém vai ditar como deve relacionar-se com a Rússia, assegurando que o acordo militar assinado está em vigor e vai ser efetivado.
"Nós somos independentes, soberanos, ninguém vai nos ditar como devemos nos relacionar com a Rússia", declarou Patrice Trovoada, acrescentando que "não há razões nenhumas para preocupações. É um acordo normal, habitual, que existe com vários países e sobretudo Portugal não tem razões para estar preocupado".