O preço das casas em Portugal que, apesar de evidenciar algum abrandamento, continua a aumentar - subiu 7% no primeiro trimestre deste ano -, está a afastar os compradores internacionais. Nos primeiros três meses, estes investidores adquiriram 2067 habitações, uma quebra de 17,1% face ao mesmo período de 2023, revelou ontem o Instituto Nacional de Estatística (INE). Para este embate no mercado imobiliário, há também a considerar a inflação e as taxas de juro, indicadores que ainda não desceram para patamares que assegurem confiança às famílias, e a turbulenta conjuntura internacional.
Os investidores provenientes da União Europeia contribuíram, de forma significativa, para a quebra na venda a estrangeiros. Entre janeiro e março, compraram apenas 989 residências, uma evolução homóloga negativa de 22,1%. O valor total do investimento ascendeu a 263,3 milhões de euros, menos 27,5% do que no primeiro trimestre de 2023. E, neste ponto, há a destacar que gastaram uma média de 267 mil euros por casa quando, um ano antes, despendiam mais de 286 mil euros.
A leitura dos dados do INE, permite verificar que o interesse aquisitivo dos europeus só esmoreceu no período mais agudo da pandemia, ou seja, entre abril e junho de 2020, quando formalizaram a compra de 654 casas. Também nos primeiros dois trimestres de 2021, ainda sob o efeito das medidas restritivas decretadas pelos governos devido à covid, verificou-se uma menor dinâmica: adquiriram 833 unidades entre janeiro a março de 2021 e 960 no trimestre subsequente. Daí em diante, regressaram aos níveis habituais, significativamente acima das mil unidades. Agora, estão em contração.
Entre os cidadãos dos restantes países do mundo a tendência é também de quebra. De janeiro a março, estes investidores adquiriram um total de 1078 habitações, uma descida de 12% face ao primeiro trimestre de 2023. O valor total aplicado atingiu os 433,6 milhões de euros, um decréscimo de 15%. O investimento por habitação sofreu também uma diminuição, registando-se um valor médio de 402,2 mil euros neste início do ano, que compara com os 417,4 que gastaram nos três primeiros meses de 2023 (-3,6%). O interesse destes cidadãos por adquirir casa em Portugal só apresentou uma retração durante a pandemia mas, neste caso, e devido à impossibilidade de viajar, registou-se uma diminuição nas vendas durante cinco trimestres consecutivos, entre abril de 2020 e junho de 2021.