A Inspeção-Geral da Defesa Nacional (IGDN) tem em mãos, pelo menos 30 ações inspetivas a atividades do Ministério da Defesa Nacional (MDN). A auditoria para “apurar todas as responsabilidades relativamente a todos os licenciamentos para as atividades de comércio e indústria de bens e tecnologias militares concedidos no MDN desde o ano 2015”, anunciada no passado sábado pelo ministro Nuno Melo, soma-se às 29 que tinham sido reveladas, em outubro do ano passado, pela sua antecessora Helena Carreiras.
Conforme o DN noticiou na altura, as inspeções foram apresentadas como uma das respostas à Operação Tempestade Perfeita, no âmbito da qual foram acusados 73 arguidos (36 empresários e familiares, bem como 30 empresas) por suspeitas de crimes de corrupção ativa e passiva, peculato e branqueamento de capitais, entre outros.
Entre os acusados, recorde-se, estão sete funcionários do MDN, dos quais três altos-quadros: Alberto Coelho, o ex-diretor-geral da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN), Paulo Branco, ex-diretor dos Serviços de Gestão Financeira; e Francisco Marques, ex-diretor dos Serviços de Infraestruturas e Património.
Os casos suspeitos que fundamentaram a investigação decorreram entre 2019 e 2021, durante o mandato de João Gomes Cravinho.
O seu ex-secretário de Estado, Marco Capitão Ferreira, também ficou sob suspeita, tendo sido alvo de buscas, e está a ser investigado num inquérito à parte que ainda decorre.
De acordo com o gabinete de Helena Carreiras, as ações inspetivas incidiam sobre “empreitadas de obras públicas, contratação pública, fluxos financeiros e sistemas de controlo interno, execução da Lei de Infraestruturas Militares e da Lei de Programação Militar”.
Na mesma altura, anunciou também que estavam “programadas outras duas ações com início ainda em 2023” e acreditava que entre “final deste ano e o primeiro semestre de 2024 estas inspeções” estariam concluídas”.
Entre as ações em curso, são destacadas as auditorias “aos contratos de aquisição de serviços de assessoria técnica celebrados pela Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN) entre 2018 e 2021” (este desencadeado com um contrato com Marco Capitão Ferreira)”; à “Avaliação do Processo de Inventariação do Património Imobiliário afeto à Defesa Nacional”; aos “contratos de empreitadas de obras públicas (EMGFA, Marinha, Exército, Força Aérea, DGRDN)”; à “área da contratação pública”; ao “processo de atribuição de subvenções públicas”; bem como uma “inspeção ao armazenamento e segurança do armamento, equipamento militar, munições e materiais explosivos”.
Questionado sobre as conclusões destas inspeções, o gabinete de Nuno Melo não soube responder, remetendo para os próximos dias um esclarecimento.