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Sociedade
09 dezembro 2024 às 00h01
Leitura: 6 min

Número de alunos com “vulnerabilidades psicológicas” baixou

Investigação do Observatório da Saúde Psicológica e do Bem-Estar (OSPBE) demonstra manutenção do padrão de maior vulnerabilidade em alunos mais velhos e no género feminino, mas com indícios de atenuação, especialmente no 12.º ano. Para a maioria dos alunos, o impacto da pandemia já não é notório.

O Observatório da Saúde Psicológica e do Bem-Estar (OSPBE), criado pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI), através da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), divulgou esta segunda-feira um estudo de  monitorização de indicadores de saúde psicológica e bem-estar nas escolas portuguesas (o último datava de 2022). E há boas notícias.

Segundo o documento, registou-se uma redução na percentagem de alunos com vulnerabilidades psicológicas: de 1/3 (2022) para 1/4 (2024). Comparativamente com 2022, mantém-se o padrão de maior vulnerabilidade em alunos mais velhos e no género feminino, mas com indícios de atenuação, especialmente no 12.º ano.

Os alunos mais jovens (5.º ano) apresentam melhores resultados em competências socioemocionais e, também, uma maior satisfação com a vida.

No que se refere aos sintomas psicológicos, 30,2% dos alunos relatam irritação ou mau humor; 32,2%, nervosismo; 27,3%, dificuldades para dormir; e 21,2%, tristeza. São as meninas e alunos mais velhos que apresentam maior prevalência desses sintomas. O estudo do OSPBE revela ainda que, para a maioria dos alunos, a pandemia já não tem impacto significativo na sua vida atual.

A investigação centrou-se também no estilo de vida dos estudantes, revelando que um elevado número de alunos pratica atividade física (94,5%), sendo os alunos do 12.º ano e as meninas os grupos com menos atividade.

O uso de ecrãs continua a ocupar grande parte do dia a dia dos estudantes.  Mais de 50% passam 4 ou mais horas diárias em frente a ecrãs, especialmente os alunos mais velhos. São também os mais velhos os que dormem menos. Contudo, mais de 50% dorme 8 ou mais horas por noite.

Na escala de Qualidade de Vida verifica-se que mais de metade dos alunos relata sentir-se alegre e bem-disposto (83,2%), calmo e tranquilo (73,8%) e ativo e energético (73,9%), acorda fresco e repousado (55,3%) e preenche o seu dia com coisas que lhe interessam (72,3%).

Alunos mais novos apresentam níveis mais elevados de bullying

No que se refere às competências socioemocionais, as meninas demonstram níveis mais elevados de cooperação, melhor relação com os professores e mais ansiedade com os testes. Os rapazes tendem a reportar situações mais favoráveis para o otimismo, o controlo emocional, a resiliência/resistência, a confiança, a sociabilidade, a energia e sentimento de pertença à escola. E níveis mais elevados de bullying.

A incidência de bullying nas escolas varia segundo a faixa etária.  Os alunos apresentam resultado médio de 0,45 (num máximo de 4) considerando haver poucas situações onde se sentem vítimas de bullying. Apenas 5,5% dos alunos referiram ter-se metido em lutas com os colegas. Os mais velhos e as raparigas mencionam mais frequentemente não se envolver em brigas.

Segundo a investigação, verifica-se uma tendência de diminuição das competências socioemocionais com a idade, fator determinante no que se refere aos efeitos do bullying. Os alunos do 5.º ano são os que apresentam resultados mais elevados em todas as dimensões, mas são também os que apresentam níveis mais elevados de bullying. Já os alunos dos 8.º e 9.º anos “parecem apresentar uma situação agravada em diversas competências”. O 12.º ano destaca-se por ter níveis mais baixos de sociabilidade, energia e sentimento de pertença à escola, embora tenha também os resultados mais baixos de bullying.

Menos fumadores e menor consumo de álcool

Segundo o Observatório da Saúde Psicológica e do Bem-Estar, 91% dos alunos portugueses não fumam. Os alunos mais novos e o género feminino reportam mais frequentemente não ter esse hábito. Em relação ao consumo de álcool, quase 80% dos estudantes afirmam não consumir bebidas alcoólicas. Os alunos mais novos e o género feminino referem mais frequentemente não beber.

Dois terços dos docentes têm sintomas de stress, dificuldade em relaxar e irritabilidade

O estudo do OSPBE incidiu também na avaliação da saúde psicológica dos professores e, aqui, os resultados não são tão animadores. Cerca de 2/3 dos docentes relatam sintomas de stress, dificuldade em relaxar e irritabilidade e mais de metade (51,1%) tem sentimentos de tristeza ou depressão. O OSPBE recomenda a implementação de programas de suporte psicológico e técnicas de gestão de stress para professores e demais trabalhadores escolares. À semelhança dos alunos, os professores também já não demonstram grande impacto da pandemia na sua saúde emocional: 44,6% afirmam que a pandemia alterou pouco suas vidas; 27,7% consideram que houve impacto negativo, mas já voltaram ao normal.