Conhecer a percepção da população sobre como cada sistema de saúde público responde, promover o debate entre todos os participantes na área da saúde para se encontrarem as melhores respostas para as necessidades de cada população, são os objetivos principais da análise que a Stada, empresa farmacêutica alemã, faz desde 2014, em 23 países da Europa, entre os quais se inclui Portugal, bem como Bélgica, Suíça, Países Baixos, Dinamarca, Áustria, Espanha, França, Chéquia, Uzebequistão, Suécia, Alemanha, Finlândia, Reino Unido, Itália, Eslováquia, Irlanda, Roménia, Bulgária, Sérvia, Polónia, Cazaquistão e Hungria.
Ao todo, e nestes dez anos, já foram inquiridas 188 mil pessoas, com idades que vão desde os 18 anos até aos 99. Segundo é explicado no relatório a que o DN teve acesso, o método de inquirição tem sido o mesmo ao longo destes dez anos, através de entrevista telefónica, realizada nos meses de janeiro e fevereiro, sendo depois as respostas recolhidas nos 23 países trabalhadas e publicadas nesta altura.
Este ano, o relatório refere que foram inquiridas 46 mil pessoas, sendo que duas mil eram portuguesas, com mais de 18 anos - 53% eram mulheres e 47% homens com várias profissões, que vão dos executivos e administrativos aos reformados, desempregados, estudantes e trabalhadores em tempo total ou parcial. Mas todos tiveram de responder às mesmas questões e em cima da mesa estavam: a avaliação da resposta dos cuidados de saúde prestados nos serviços públicos, a avaliação da Saúde Mental e Bem-estar de cada população e o papel da Inteligência Artificial (IA) nos cuidados de saúde, sendo esta um desafio ou uma preocupação.
As respostas, embora muito similares nalgumas situações, sobretudo no que toca à perceção do que corre mal nos serviços de saúde e ao sentimento de bem-estar nas populações, demonstram, por outro lado, as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde entre estes países, havendo povos muito satisfeitos com a resposta dada às suas necessidades, outros que nem tanto ou nada satisfeitos. Alguns que atribuem mesmo o que corre mal aos maus salários das profissões na saúde e até ao facto de os decisores políticos não terem experiência nesta área.
Em relação a Portugal, as respostas recolhidas indicam que a insatisfação com os cuidados de saúde públicos, neste caso prestados no SNS, cai pela terceira vez consecutiva. Só menos de metade dos inquiridos (49%) disse estar satisfeito com a resposta do serviço público, quando nos relatórios de 2022 ainda havia 64% de portugueses satisfeitos e, em 2023, 53%. Ou seja, em 2024, Portugal encontra-se abaixo da média europeia em relação à satisfação da população com os cuidados de saúde, ocupando o 14.º lugar.
No TOP 10 dos mais satisfeitos estão os belgas, suíços, holandeses, dinamarqueses, austríacos, espanhóis, franceses, checos, uzbeques, suecos, alemães. Depois, seguem-se os finlandeses, britânicos, portugueses, italianos, eslovacos, irlandeses, romenos, búlgaros, sérvios, polacos, cazaques e húmgaros.
Para os portugueses as razões da insatisfação estão no facto de já terem recebido ou conhecerem alguém que recebeu cuidados inadequados, resposta dada por 55% dos inquiridos, na dificuldade no acesso aos cuidados, por exemplo de uma consulta, revelada por 46% dos participantes e ainda no facto de não confiarem nos decisores políticos da área da Saúde, o que foi referido por 43%.
À pergunta sobre como se pode melhorar o serviço público? A maioria dos portugueses inquiridos considera que a solução pode estar no aumento dos salários dos médicos, resposta dada por 55% dos inquiridos, e na garantia de que os decisores políticos têm experiência na área da saúde.
Na área dos sistemas de saúde, a Stada incluiu também uma questão sobre a Medicina Convencional e aqui quer os portugueses quer as restantes populações dos outros países msotram-se confiantes nos resultados desta, embora uns também mais do que outros.
E no caso dos portugueses, em 2024 até se mostram mais confiantes do que em 2022. Este ano, 32% responderam confiar plenamente na Medicina Convencional, quando há dois anos só 27% assumiam tal.
Dos que confiam, 43% justificam que é por confiarem no seu médico e no seu farmacêutico, considerando que estes sabem o que é melhor para si. Deste grupo, 42% ainda disse que beneficiou com os cuidados que lhes foram prestados pela Medicina Convencional. E 25% ainda referiu confiar na investigação que é feita há décadas pela medicina convencional.