Era só a confirmação oficial que faltava e que chegou depois da última etapa: Tadej Pogacar (UAE Emirates) foi consagrado o vencedor do Tour de France, depois de ter vencido o contrarrelógio, somando a sexta vitória nesta edição. Foi a terceira vez que o esloveno ganhou a mais emblemática prova de ciclismo mundial, depois dos triunfos de 2020 e 2021, sucedendo ao dinamarquês Jonas Vingegaard, vencedor em 2022 e 2023. O português João Almeida terminou na 4.ª posição.
O líder da UAE Emirates ultrapassou, assim, com limpeza impressionante a derrota no Tour do ano passado, no qual foi 2.º classificado, tendo dito, no final, a célebre frase: “I’m gone. I’m dead” (“Já fui, estou morto’”).
Nesta derradeira etapa, com partida no Mónaco e chegada em Nice e que teve emblemática passagem pelo mítico Circuito do Mónaco, Pogacar foi fiel a si mesmo e atacou do início ao fim. E alguém acreditaria que pudesse ser diferente? O esloveno realizou um Tour assombroso, ele que na penúltima jornada já tinha destronado Eddy Merckx como ciclista que mais vezes vestiu a camisola amarela, em Grandes Voltas, na mesma época.
A forma como o ciclista esloveno de 25 anos se mostra insaciável, querendo ganhar todas as etapas, tem levado a críticas por parte de grandes figuras da modalidade, como por exemplo Lance Armstrong.
“As outras equipas não gostaram, os fãs também não gostaram... e ele está a correr contra um belga, Remco Evenepoel, e um dinamarquês, Jonas Vingegaard, dois grandes países no ciclismo. Foi um enorme erro da sua parte, foi desnecessário”, referiu, depois da vitória de Pogacar na 19.ª etapa.
Este estilo é diametralmente oposto ao do rival Jonas Vingegaard, o vencedor das duas anteriores edições do Tour, bem mais conservador, atacando apenas nas alturas-chave. “Até eu já nem sei porque ataco”, confessou Pogacar após a 17.ª etapa, enquanto lançava um grande sorriso.
Tadej Pogacar tem assim confirmado a previsão feita há três anos pelo lendário Eddy Merckx. “Ele pode ser o novo Canibal”, ele que foi o Canibal original. O esloveno já leva 84 triunfos na carreira, além de três Voltas à Lombardia, duas Liège-Bastogne-Liège, duas Strade Bianche, ou a trilogia Volta a Flandres, Amstel Gold Race e Flèche Wallone, em 2023.
E agora, o que se segue para o insaciável esloveno? Depois dos triunfos no Tour e no Giro, irá à Vuelta, para tentar tornar-se no primeiro ciclista a vencer as três Grandes Voltas no mesmo ano? “É 99% impossível”, reconheceu em tempos. Mas se há ciclista para quem a palavra impossível parece não dizer grande coisa é ele…