Desporto
21 julho 2024 às 22h29
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Pogacar, o 'canibal' insaciável consagrado rei do Tour. João Almeida fez história

Esloveno da UAE Emirates que joga sempre ao ataque venceu a prova pela terceira vez, com o português João Almeida, seu companheiro de equipa, a terminar na quarta posição.

Era só a confirmação oficial que faltava e que chegou depois da última etapa: Tadej Pogacar (UAE Emirates) foi consagrado o vencedor do Tour de France, depois de ter vencido o contrarrelógio, somando a sexta vitória nesta edição. Foi a terceira vez que o esloveno ganhou a mais emblemática prova de ciclismo mundial, depois dos triunfos de 2020 e 2021, sucedendo ao dinamarquês Jonas Vingegaard, vencedor em 2022 e 2023. O português João Almeida terminou na 4.ª posição.

O líder da UAE Emirates ultrapassou, assim, com limpeza impressionante a derrota no Tour do ano passado, no qual foi 2.º classificado, tendo dito, no final, a célebre frase: “I’m gone. I’m dead” (“Já fui, estou morto’”).

Nesta derradeira etapa, com partida no Mónaco e chegada em Nice e que teve emblemática passagem pelo mítico Circuito do Mónaco, Pogacar foi fiel a si mesmo e atacou do início ao fim. E alguém acreditaria que pudesse ser diferente? O esloveno realizou um Tour assombroso, ele que na penúltima jornada já tinha destronado Eddy Merckx como ciclista que mais vezes vestiu a camisola amarela, em Grandes Voltas, na mesma época.

A forma como o ciclista esloveno de 25 anos se mostra insaciável, querendo ganhar todas as etapas, tem levado a críticas por parte de grandes figuras da modalidade, como por exemplo Lance Armstrong.

“As outras equipas não gostaram, os fãs também não gostaram... e ele está a correr contra um belga, Remco Evenepoel, e um dinamarquês, Jonas Vingegaard, dois grandes países no ciclismo. Foi um enorme erro da sua parte, foi desnecessário”, referiu, depois da vitória de Pogacar na 19.ª etapa.

Este estilo é diametralmente oposto ao do rival Jonas Vingegaard, o vencedor das duas anteriores edições do Tour, bem mais conservador, atacando apenas nas alturas-chave. “Até eu já nem sei porque ataco”, confessou Pogacar após a 17.ª etapa, enquanto lançava um grande sorriso.

Tadej Pogacar tem assim confirmado a previsão feita há três anos pelo lendário Eddy Merckx. “Ele pode ser o novo Canibal”, ele que foi o Canibal original. O esloveno já leva 84 triunfos na carreira, além de três Voltas à Lombardia, duas Liège-Bastogne-Liège, duas Strade Bianche, ou a trilogia Volta a Flandres, Amstel Gold Race e Flèche Wallone, em 2023.

E agora, o que se segue para o insaciável esloveno? Depois dos triunfos no Tour e no Giro, irá à Vuelta, para tentar tornar-se no primeiro ciclista a vencer as três Grandes Voltas no mesmo ano? “É 99% impossível”, reconheceu em tempos. Mas se há ciclista para quem a palavra impossível parece não dizer grande coisa é ele…

A trilogia de João Almeida e a despedida de Cavendish

Entretanto, João Almeida, companheiro de equipa de Pogacar na UAE Emirates, confirmou este domingo o 4.º lugar final no Tour, tendo-se tornado no primeiro português a conseguir terminar as três Grandes Voltas mundiais nos cinco primeiros lugares: além deste 4,º posto no Tour, foi 3.º e 4.º no Giro e 5.º na Vuelta. Por outro lado, apenas Joaquim Agostinho fez melhor do que ele na Volta ao França, ao ter sido 3.º em 1978 e 1979.

“Este Tour foi uma loucura. Parabéns para Pogacar e para nós, fizemos um trabalho perfeito e podemos estar orgulhosos. É especial fazer parte disto”, referiu no final da última etapa.

João Almeida, que completa 26 anos em agosto, quase nem vai ter tempo para respirar, preparando-se agora para entrar em ação nos Jogos Olímpicos de Paris.

A derradeira etapa da Volta a França ficou ainda marcada pelo facto de ter provavelmente sido a última corrida de Mark Cavendish. O sprinter britânico, de 39 anos tinha terminado a etapa da véspera em lágrimas, mas agora surgiu mais calmo, enquanto era alvo de grandes manifestações de carinho por parte do público.

“Tinha libertado grande parte das minhas emoções ontem [no sábado]. Hoje foi para desfrutar”, referiu, instantes depois de ter terminado o contrarrelógio sem grandes pressas, cumprimentando com a mão o público. Recorde-se que nesta edição, Cavendish desempatou com Eddy Merckx como recordista de vitórias em etapas na Volta a França, tendo atingido os 35 triunfos.