Mais de 19,5 milhões de eleitores em Taiwan vão hoje às urnas escolher entre três candidatos quem será o próximo presidente da ilha, mas também os novos deputados. O tema central da campanha foi a relação com a China, sendo que, segundo os analistas, o resultado destas eleições irá também ajudar a definir como será a relação entre Pequim e os Estados Unidos de agora em diante. Com os independentistas do DPP, atualmente no poder, à frente das sondagens, a pressão chinesa tem-se feito sentir de várias formas, tendo Xi Jinping deixado o recado no seu discurso de final do ano de que a reunificação com Taiwan é uma “inevitabilidade histórica”.
“Se ganhar o Partido Democrático Progressista (DPP), é provável um aumento das tensões entre Pequim e Taipé, que tem consequências negativas para as relações entre Pequim e Washington. Se ganhar o Partido Nacionalista (Kuomintang) é possível uma pausa nas tensões entre Pequim e Taipé”, defendeu Carlos Gaspar, professor catedrático e investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-NOVA), em declarações recentes ao DN.
Uma opinião partilhada por Luís Tomé, professor catedrático e diretor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Autónoma de Lisboa. “As eleições em Taiwan podem precipitar fatores negativos na relação da China com os Estados Unidos e uma tensão muito grande se ganharem os independentistas do DPP novamente.”.
Ainda esta semana, Pequim apelou aos Estados Unidos para não “se intrometerem” nas presidenciais de Taiwan e disse opor-se “firmemente” aos laços entre Taipé e Washington, que anunciou o envio de uma delegação à ilha após a votação. Os Estados Unidos “não devem interferir nas eleições na região de Taiwan, sob qualquer forma, de forma a evitar danos graves nas relações sino-norte-americanas”, disse Mao Ning, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.