Foram quase cinco meses a ver de fora, depois de ter sido despedido da Roma em janeiro, mas José Mourinho está de regresso ao ativo e com uma missão ao jeito dos grandes desafios de que tanto gosta: voltar a despertar o gigante turco Fenerbahçe, equipa que não vence o campeonato do seu país desde 2014. O treinador português, de 61 anos, assinou um contrato válido por duas temporadas, ainda à espera de oficialização - o técnico publicou apenas uma story no Instagram a mostrar as malas feitas e o clube turco anunciou a saída do treinador Ismail Kartal.
Foi uma negociação com alguns contornos curiosos, porque inicialmente o treinador português foi anunciado como trunfo eleitoral de Aziz Yildirim, um dos candidatos à presidência do clube turco no ato marcado para 9 de junho. Mas num raide de última hora, o atual líder do Fenerbahçe, Ali Koç, que também vai avançar para a corrida eleitoral, antecipou-se e garantiu Mourinho. Em toda esta operação foi fundamental o papel do português Mário Branco, diretor desportivo do clube de Istambul.
De acordo com a imprensa turca, Mourinho tem à sua espera um contrato financeiramente à sua altura 13 milhões de euros de salário anual (o que perfaz 26 milhões se concluir as duas épocas) e mais bónus por objetivos (leia-se títulos) conquistados. O acordo tem ainda uma cláusula de opção para a sua ligação ser estendida por mais uma temporada.
Ainda de acordo com relatos da imprensa da Turquia, na conversa que manteve com Mourinho, e para o convencer a assinar por Ali Koç, o diretor desportivo Mário Branco traçou um perfil pouco simpático do outro candidato, culpando-o por, durante a sua gerência (Aziz Yildirim foi presidente do Fenerbahçe entre 1998 e 2018), ter arruinado financeiramente o emblema de Istambul.
“O que tiver de acontecer vai acontecer. Sei o peso da minha história. Que mesmo quando treino equipas não talhadas para ganhar, as pessoas esperam que eu ganhe sempre. Nas duas últimas épocas joguei duas finais europeias e quero jogar mais”, desabafou o técnico português no início de maio.
Na capital turca, José Mourinho terá pela frente a missão de acordar o histórico de Istambul, que não consegue conquistar o título de campeão desde a temporada 2013-14. Aliás, o último troféu ganho pelo Fenerbahçe, que terminou esta temporada no 2.º lugar do campeonato, foi a Taça da Turquia, em 2022-23, com Jorge Jesus no comando da equipa.
Nada que o perturbe, pois como chegou a confessar há uns anos, costuma sempre escolher equipas que... dão problemas.
“Sou péssimo a escolher equipas. Escolho sempre equipas, como se diz em Inglaterra, em big trouble. O Inter estava em big trouble, o Real Madrid em big trouble, o Manchester United em big trouble, ou seja, sempre em big trouble. E o que é que significa este big trouble? Que são equipas que querem ganhar, mas que estão a milhares de quilómetros de distância de ganhar. Uma coisa é a dimensão do clube e a história do clube e a outra é a atualidade do clube”, referiu há uns anos numa entrevista ao Expresso.