Portugal há 50 anos
11 março 2024 às 02h42
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Incêndio “pavoroso” no centro de Leiria

A notícia mereceu todo o destaque na primeira página dessa edição: “Um pavoroso incêndio deflagrou pelas cinco da madrugada, no coração da cidade de Leiria, que foi despertada em alvoroço pelos estridentes silvos dos bombeiros”. 

Em pouco mais de duas horas, o fogo destruiu o edifício do Hotel Central, velha e solarenga construção, reduzindo-o a cinzas e às paredes mestras. Os hóspedes conseguiram salvar-se, mas “perderam os seus haveres” no fogo, que foi combatido por sete corporações de bombeiros.

Eram cerca de cinco horas – conta o DN – quando Joaquim Pereira, comerciante com estabelecimento e habitação junto do hotel, acordou com o barulho de vidros a estilhaçarem. Levantou-se da cama e viu que saía densa fumarada do rés-do-chão do hotel, onde também se encontra, há dezenas de anos, um armazém de mercearias.

Joaquim Pereira imediatamente deu o alrame aos bombeiros. Os primeiros a chegar foram os municipais de Leiria – a que se foram juntando, com o vagar que se pode imaginar, as corporações da Marinha Grande, Porto de Mós, Vila Nova de Ourém, Nazaré, Pombal e Alcobaça. Todos, esclarece o repórter, “participaram com denodo no ataque ao incêndio”. Mas “as 50 agulhetas” não foram suficientes para conter as labaredas – de tal maneira intensas que,entre as cinco e as sete horas da manhã, “propagaram-se a todo o imóvel e deram ao local um aspeto dantesco”.

Pelas nove da manhã, quatro horas depois do alarme, já os bombeiros procediam aos trabalhos de rescaldo. A PSP, formando um cordão, “impediu que os curiosos estorvassem os movimentos dos abnegados bombeiros”. A água – saúda o DN – “felizmente não faltou”. Esclarece, ainda, a “adequada distribuição das bocas de abastecimento”. A fonte luminosa, a vinte metros do incêndio, permitiu “alimentar as mangueiras”.

O treinador do União de Leiria, António Medeiros, residente no hotel desde que veio para cidade, foi um dos hóspedes que fugiu das chamas. Deixou para trás “todos os haveres” – incluindo “umas centenas de contos” que na véspera tinha recebido do clube. Mas, dizia o DN, a “solidariedade não é palavra vã”: o presidente do clube, Varela Dias, correu a “emprestar roupas e dinheiro” ao treinador.