O PS fervilha de atividade nos bastidores, com as estruturas locais e distritais a reunirem para aprovarem as listas de candidatos a deputados, numa corrida contra o tempo para que se aprove a sua versão final na reunião da Comissão Política Nacional convocada para amanhã.
O que está em causa para Pedro Nuno Santos é um delicado tricot entre as vontades concelhias, as vontades federativas, a necessidade de respeitar o peso que José Luís Carneiro conquistou no partido (35%) e a sua própria vontade pessoal, já que os estatutos do PS conferem ao líder o direito de escolher todos os cabeças de lista pelos círculos e ainda 30% dos candidatos a colocar em lugar elegível.
O caso de Lisboa é disso exemplo. A concelhia da capital indicou os seus candidatos a deputados e pôs à frente da lista a presidente da estrutura, Marta Temido - tida já como muito provável candidata do PS à Câmara da capital nas próximas eleições autárquicas.
Entretanto, depois, a estrutura distrital - FAUL, sigla de Federação da Área Urbana de Lisboa - também tem os seus indicados e nessa lista o número um é Marcos Perestrello. Mas tanto uma estrutura como outra sabem que nem Temido nem Perestrello serão cabeças de lista em Lisboa.
As ministras Mariana Vieira da Silva e Ana Catarina Mendes vão encabeçar as listas de candidatos a deputados do PS em Lisboa e Setúbal, respetivamente, enquanto a dirigente socialista Alexandra Leitão será "número um" em Santarém. Estes nomes foram avançados este domingo no espaço de comentário político na SIC do conselheiro de Estado e antigo presidente do PSD Luís Marques Mendes e confirmados à agência Lusa por fonte oficial do PS.
Pelo meio, Pedro Nuno tem outro complexo problema para resolver: como colocar nos elegíveis - que, desta vez serão, segundo tudo aponta, serão menos do que em 2022 - os candidatos representantes da quota de José Luís Carneiro, que, segundo o que foi acordado para os órgãos do partido, ronda os 35%. E isto sabendo-se que nas federações mais afetas a Pedro Nuno a presença dos “carneiristas” nas listas tem sido ignorada, o que significa que, para entrarem, já só poderá ser pela quota do líder do partido.
Quanto ao próprio José Luís Carneiro deverá de novo ser o cabeça de lista pelo círculo de Braga (já o tinha sido nas eleições legislativas de 2022), conforme o DN já noticiou. Mas sê-lo-á pela escolha do líder do partido e não das bases. De resto, de Braga vinham ontem notícias de controvérsias locais, com a Comissão Política Distrital supostamente a aprovar sábado uma lista já depois de a Mesa ter suspendido a reunião.
Depois, no fim, se for caso disso, haverá que formatar as listas dentro das regras internas de género, que dizendo que nelas a representação de um dos sexos não poderá ser “inferior a 40%” e sendo que em cada sequê̂ncia de três elementos deve constar pelo menos um de sexo diferente” e “o primeiro e o segundo lugar são obrigatoriamente ocupados por militantes de sexo diferente”.
O jogo é complexo e entre os nomes que parecem estar na corda bamba há dois que se destacam: o do atual ministro da Saúde, Manuel Pizarro, e o do atual presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva.