Guerra na Ucrânia
16 outubro 2024 às 11h28
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Zelensky rejeita ceder território à Rússia no seu "plano de vitória". Kremlin recusa plano

"A Rússia vai perder a guerra contra a Ucrânia. Não pode haver qualquer troca relativamente ao território da Ucrânia ou à sua soberania", defendeu o presidente ucraniano na apresentação do plano, que o Kremlin já veio recusar: "Precisam de acordar."

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, rejeitou esta quarta-feira a possibilidade de ceder território à Rússia ou aceitar um "congelamento" na linha da frente, sublinhando que Moscovo vai perder a guerra iniciada em fevereiro de 2022.

"A Rússia vai perder a guerra contra a Ucrânia. Não pode haver um 'congelamento' [da frente]. Não pode haver qualquer troca relativamente ao território da Ucrânia ou à sua soberania", defendeu num discurso feito perante o parlamento ucraniano para apresentar o "plano da vitória"

A Ucrânia e os seus aliados devem "forçar a Rússia a participar numa cimeira de paz e estar pronta para acabar com a guerra", afirmou o Presidente, sublinhando que o plano de vitória foi preparado "para os ucranianos".

No seu discurso, Zelensky denunciou o apoio da China, da Coreia do Norte e do Irão ao esforço de guerra da Rússia, classificando o grupo como "uma coligação de criminosos", liderada pelo Presidente russo, Vladimir Putin.

"Todos veem a ajuda que o regime iraniano dá a Putin. O mesmo se aplica à cooperação da China com a Rússia", referiu, acrescentando que a "ultima aquisição" foi a Coreia do Norte.

O Kremlin já veio comentar o "plano de vitória" de vitória de Zelensky, garantindo que não o aceita. "O único plano de paz possível é que o regime de Kiev compreenda que a sua política não tem perspetivas e que precisa de acordar", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, 

Presidente ucraniano pede meios de dissuasão não nucleares para o país

Volodymyr Zelensky defendeu esta quarta-feira a introdução de meios de dissuasão não nucleares no seu país, num discurso feito no parlamento ucraniano para apresentar o seu "plano de vitória" na guerra contra a Rússia.

"A Ucrânia propõe a instalação no seu território de um conjunto completo de medidas estratégicas de dissuasão não nucleares, que serão suficientes para proteger a Ucrânia de qualquer ameaça militar da Rússia", afirmou Zelensky, especificando que este ponto foi detalhado num "anexo secreto" do seu plano de vitória apresentado aos Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália e Alemanha.

Além disso, na mesma intervenção, o Presidente ucraniano instou o Ocidente a levantar as restrições ao uso de armas de longo alcance contra a Rússia "em todo o território da Ucrânia ocupado pela Rússia e no território russo", bem como à continuação da ajuda para reforçar o "equipamento das brigadas de reserva das forças armadas ucranianas".

O líder ucraniano está hoje de manhã a apresentar aos deputados o seu "plano de vitória" para a guerra, depois de ter abordado o documento com alguns dos principais aliados ocidentais com o objetivo de os convencer a ajudá-lo a pôr em prática as medidas delineadas por Kiev e a derrotar a Rússia.

Esta apresentação no parlamento ucraniano acontece na véspera de Zelensky ir a Bruxelas para participar, como convidado, no Conselho Europeu que decorre quinta e sexta-feira. Na ocasião, o líder ucraniano irá apresentar os pormenores do plano aos 27 do bloco europeu.

No seu discurso no parlamento, Zelensky afastou por completo a possibilidade de ceder território à Rússia ou aceitar um "congelamento" na linha da frente, sublinhando que Moscovo vai perder a guerra iniciada em fevereiro de 2022.

"A Rússia vai perder a guerra contra a Ucrânia. Não pode haver um 'congelamento' [da frente]. Não pode haver qualquer troca relativamente ao território da Ucrânia ou à sua soberania", defendeu.

A Ucrânia e os seus aliados devem "forçar a Rússia a participar numa cimeira de paz e estar pronta para acabar com a guerra", afirmou ainda o Presidente, sublinhando que o plano de vitória foi preparado "para os ucranianos".

Zelensky desafia aliados ocidentais a convidarem já Kiev para a NATO

Zelensky desafiou os seus aliados ocidentais a convidarem Kiev a aderir à NATO, como parte do seu "plano de vitória" para pôr fim à guerra com a Rússia.

"O primeiro ponto é um convite imediato para a NATO" (sigla inglesa de Organização do Tratado do Atlântico Norte), defendeu.

"De agora em diante [o Presidente russo, Vladimir) Putin, tem de perceber que os seus cálculos geopolíticos fracassaram", afirmou Zelensky, que rejeitou por completo mudar as fronteiras do país como forma de acabar com o conflito.

"A Rússia vai perder a guerra contra a Ucrânia. Não pode haver um 'congelamento' [da frente]. Não pode haver qualquer troca relativamente ao território da Ucrânia ou à sua soberania", garantiu o chefe de Estado ucraniano na apresentação do "plano da vitória".

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, argumentando que queria defender as comunidades russófonas do território, defendendo que fazem parte da Rússia, mas sobretudo porque Putin queria evitar uma aproximação entre Kiev e a Aliança Atlântica.

A entrada na NATO significaria que a Ucrânia passaria a fazer parte do pacto de defesa mútua da aliança militar liderada pelos Estados Unidos, que determina que um ataque a um membro é considerado um ataque a todos.

Ainda assim, o processo de adesão pode levar anos, pelo que o compromisso poderia não ser aplicado de imediato.

Zelensky já tinha avançado, nas últimas semanas, que um convite antecipado da NATO faz parte do seu "plano de vitória", argumentando que precisa de aderir à aliança para se proteger contra qualquer futura agressão russa.

A NATO já tinha admitido que a Ucrânia se juntará à organização, mas avisou que Kiev só pode aderir quando não estiver em guerra e recusou estabelecer um calendário para a adesão.

No seu discurso ao parlamento, Zelensky rejeitou a possibilidade de ceder qualquer território à Rússia ou aceitar um "congelamento" na linha da frente, sublinhando que Moscovo vai perder a guerra iniciada em fevereiro de 2022.

"A Rússia vai perder a guerra contra a Ucrânia. Não pode haver um 'congelamento' [da frente]. Não pode haver qualquer troca relativamente ao território da Ucrânia ou à sua soberania", defendeu num discurso feito perante o parlamento ucraniano para apresentar o "plano da vitória".

O plano, adiantou ainda, será apresentado na cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia, marcada para quinta e sexta-feira, onde Zelensky estará presente a convite do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

"Amanhã [quinta-feira] apresentarei publicamente o plano de vitória numa reunião do Conselho Europeu", disse. 

NATO afasta adesão apesar de ser um dos pontos do plano de Zelensky

O secretário-geral da NATO considerou esta quarta-feira que o ponto do "plano para a vitória" apresentado pelo Presidente Ucrânia sobre a adesão à Aliança Atlântica ainda não é concretizável, mas reconheceu que o país "está mais próximo do que nunca".

Questionado sobre o ponto do "plano para a vitória", apresentado hoje pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que pede a concretização da adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Mark Rutte deixou cair a ideia para já.

"Na cimeira da NATO, os aliados concordaram que o caminho [rumo à adesão] é irreversível [...], o nosso trabalho conjunto está a fazer com a que a Ucrânia esteja mais forte hoje e todo esse trabalho é uma ponte para a adesão", sustentou o secretário-geral da NATO, em conferência de imprensa no quartel-general da NATO, em Bruxelas.

Mas para já o convite para aderir à Aliança Atlântica está fora de questão e razão não são as ameaças do Kremlin: "[Vladimir] Putin [Presidente russo] e a Rússia não têm palavra ou poder de veto nisto, são os aliados que decidem quando é que vai acontecer."

"A Ucrânia está mais próxima do que nunca" de fazer parte do bloco político-militar.

Na noite de quinta-feira está prevista uma reunião do Conselho NATO -- Ucrânia para "discutir as necessidades prementes" do país que foi invadido pela Rússia há mais de dois anos e meio.