Várias personalidades do mundo literário, mas também político, portuguesas e estrangeiras, reagiram com pesar à morte do escritor norte-americano Paul Auster, evocando o romancista como "um gigante da literatura contemporânea".
O escritor português João Tordo recordou Auster como o "mais influente" escritor da sua "vida literária entre os 15 e os 25 anos", escrevendo, na sua página na rede social Facebook, "um parágrafo 'austeriano'", onde confessa que a "certa altura" parou de ler os seus livros, leitura que retomaria mais tarde.
Falando do impacto que lhe causaram livros como O Palácio da Lua, A Música do Acaso ou Mr Vertigo, João Tordo considerou Paul Auster "um escritor único e incrivelmente original".
"O que os críticos lhe apontavam eram precisamente o que fazia dele um autor tão fascinante: ser ele mesmo, com todas as forças e fragilidades do ser humano. Foi o último autor que me fez ler até às quatro da manhã à luz de uma lanterna em dia de escola, e estou-lhe eternamente grato", escreveu, terminando com um "Boa viagem, Mr. Auster".
Também a escritora portuguesa Patricia Reis lembrou, nas redes sociais, as vezes em que se foi cruzando com o escritor, referindo que o gosto pelos seus livros redobrou depois de o ter conhecido.
"Jantámos em 2017, antes de uma sessão no Festival Internacional de Cascais. A entrevista que lhe fiz foi animada, com ritmo, porque ele era um bom conversador. [...] Disse-me que estava contente, aos 70 anos, por ter vivido mais tempo do que o pai. Disse-me que a solidão da escrita é também um masoquismo. Disse-me que aprendeu - e continuava a aprender - muito, o essencial, com a mulher, Siri Husvedt. Disse-me que nós, portugueses, tínhamos a sorte de saber o valor da poesia. Sempre gostei dos seus livros. Depois de o conhecer, esse gosto redobrou. Quando perdemos mais um escritor o mundo fica pior", escreveu Patrícia Reis.
Em Espanha, a morte do escritor foi lamentada pela equipa da sua editora, a Seix Barral, pela diretora da Fundação Princesa das Astúrias, Teresa Sanjurjo, que expressou "profundo pesar" pelo falecimento do romancista norte-americano que foi galardoado com o Prémio das Letras da instituição em 2006.
Também o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, assinalou a morte daquele que apelidou de "gigante da literatura contemporânea", considerando que o seu legado permanecerá além da sua morte.
"O acaso, a solidão, o destino e a natureza humana são os protagonistas de uma obra repleta de personagens com vidas complexas e matizadas, que soube transferir de forma comovente também para o cinema", escreveu Sánchez na sua conta na rede social X.
"Um gigante da literatura contemporânea morreu, mas o seu legado permanece", acrescentou.
A Fundação "The Booker Prizes" expressou também o seu pesar pela morte do escritor.
"É com grande tristeza que recebemos a notícia do falecimento de Paul Auster, nomeado para o Booker Prize, cuja obra tocou leitores e influenciou escritores de todo o mundo, e cuja generosidade foi sentida em muitos outros locais", escreveu a organização na sua conta na rede social X.