Legislativas
19 janeiro 2024 às 07h18
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AD ajusta listas de candidatos para melhor cenário possível e Lei da Paridade

Coligação corria o risco de não ter candidatos do CDS-PP para substituir idade deputados eleitos para o governo. E havia círculos com número insuficiente de mulheres.

As listas de candidatos a deputados da Aliança Democrática foram aprovadas pelo Conselho Nacional do PSD, com apenas dois votos contra e duas abstenções, na noite de segunda-feira, mas tiveram de ser ajustadas para dar resposta ao melhor cenário possível para a coligação de centro-direita. Até porque havia pelo menos um caso em que não estava prevista a existência de três candidatos centristas no círculo do Porto se dois fossem eleitos e um deles suspendesse mandato, nomeadamente para exercer funções executivas num futuro governo.

As listas refeitas devem ser reveladas hoje, numa missão a cargo do secretário-geral do PSD, Hugo Soares, e que também terá de levar em conta a Lei da Paridade, pois em alguns círculos não estava garantido o mínimo de 40% de candidatas. Em Braga, por exemplo, apenas seis entre 19 titulares e uma entre cinco suplentes eram mulheres, havendo mais casos de incumprimento apesar de haver cinco cabeças de lista da AD do sexo feminino (Teresa Morais em Setúbal, Rita Alarcão Júdice em Coimbra, Sónia Ramos em Évora, Liliana Reis em Castelo Branco e Dulcineia Moura na Guarda), enquanto o CDS-PP apontou 11 mulheres para “cabeças de lista” - isto é, centristas mais acima nas listas de candidatos -, ainda que todas em lugares que não são elegíveis.

No entanto, a grande possibilidade de o CDS-PP eleger mais do que os dois deputados que teria garantidos mesmo num cenário muito negativo para a coligação de centro-direita - o presidente do partido, Nuno Melo, e o vice-presidente Paulo Núncio - foi outro grande motivo para a alteração das listas aprovadas pelo Conselho Nacional do PSD. Além da retirada do atual deputado Tiago Moreira de Sá, que renunciou ao 25.º lugar que lhe fora destinado no círculo de Lisboa, foi necessário garantir cinco lugares para os centristas na lista de Lisboa e quatro na lista do Porto, assegurando que esse parceiro de coligação permanecerá representado mesmo que alguns eleitos suspendam o mandato.

Entre os centristas, e também entre os sociais-democratas, existe a convicção que a AD conseguirá eleger pelo menos 16 deputados nos dois círculos eleitorais que têm maior número de mandatos, com 48 em Lisboa e 40 no Porto. Nas legislativas de 2022 foram 14 os eleitos pelo PSD no Porto, sendo que a soma com os votos no CDS-PP teria sido suficiente para garantir o 15.º (que seria retirado ao Chega), enquanto em Lisboa o PSD só conseguiu 13. A última vez que o centro-direita superou tal fasquia foi em 2015, quando a coligação Portugal à Frente, liderada por Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, colocou 18 deputados na capital.

Fora destes ajustes fica o único lugar previsto para o PPM nas listas da AD: o 19.º por Lisboa.  Para que o líder do partido, Gonçalo da Câmara Pereira, tenha assento na Assembleia da República será necessário que os eleitores do distrito de Lisboa garantam uma votação na coligação de centro-direita como há muitos anos não se verifica.

A última vez que PSD e CDS, em listas separadas, conseguiram somar mais do que 19 deputados nesse círculo foi em 2011, beneficiando da estrondosa derrota do PS de José Sócrates após o memorando de entendimento com a troika. Nessas legislativas houve 18 deputados sociais-democratas e sete centristas no principal círculo eleitoral, que tinha 47 deputados (um a menos do que agora). Mas na altura ainda não existiam o Chega e a Iniciativa Liberal a disputar eleitores. Tal como nas outras duas ocasiões posteriores às maiorias absolutas de Cavaco Silva em que o centro-direita obteve esse peso parlamentar em Lisboa: em 2002, com 18 deputados do PSD e quatro do CDS-PP, contribuindo para a coligação pós-eleitoral que permitiu o Governo de Durão Barroso e Paulo Portas, e antes disso em 1995, quando 15 sociais-democratas e cinco centristas não evitaram que o socialista António Guterres fosse primeiro-ministro.