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Política
15 dezembro 2024 às 00h07
Leitura: 6 min

Autárquicas. PSD prepara ataque a nove câmaras de PS e CDU e revela “preocupação” com sete autarquias laranja

A orientação estratégica dos sociais-democratas aponta a sete câmaras do PS, duas da CDU e ao Porto. PSD não esconde “preocupação” com sete autarquias laranja que podem estar em risco. Partido mantém coligações anteriores e abre porta a independentes

A orientação estratégica do PSD para as eleições autárquicas do próximo ano, que já definiu as regras de “competência, a idoneidade e a credibilidade” dos candidatos”, tem identificadas, para já, “dez câmaras alvo” - sete do PS, duas da CDU e uma independente - e sete que são “preocupações” internas.

Os sociais-democratas, que não recusam os chamados candidatos ‘paraquedistas’ porque o mais importante é a “competência” e a “notoriedade”, apostam em “candidatos qualificados”, apurou o DN junto de fonte social-democrata, para Loures (PS), Almada (PS), Odivelas (PS) Amadora (PS), Vila Nova de Gaia (PS), Gondomar (PS), Seixal (CDU), Setúbal (CDU), Sintra (PS) e Porto, liderado até agora pelo movimento independente de Rui Moreira. 

“Os critérios de exigência” para as escolhas, que incluem as dos “dez alvos”, vão ser mais apertados em “capitais de distrito e dos municípios com mais de 100 mil eleitores”, entendidos como “prioritários”, sendo aqui “obrigatória” uma “concertação prévia entre as lideranças das secções, das distritais e a direção nacional do PSD”.

Dada a importância das Eleições Autárquicas de 2025, que serão interpretadas também como “avaliação do Governo e da Oposição”, esta decisão de “concertação” ter por objetivo “garantir uma avaliação criteriosa e estratégica destas candidaturas” garantindo a defesa da “visão do partido” e a “unidade partidária”.

E nomes? O PSD não quer “precipitações” e exige “reservas”, justificando que a “divulgação de candidatos só deve ocorrer após concluído todo o processo político de decisão interna, e seguindo uma adequada programação articulada com as Distritais”- sendo que nos “prioritários” há essa obrigação de “concertação prévia” com a direção nacional. 

As escolhas vão seguir regras de “qualidade”, de “prioridade” e “ética” definindo “candidatos com experiência, capacidade de liderança e ligação real às suas comunidades”, o que traduzido significa um travão a ambições de líderes de concelhias, que por o serem “podem pensar que são os melhores candidatos, mesmo não o sendo”. 

Regra basilar: “Uma conduta irrepreensível, garantindo que as suas ações não comprometam a idoneidade pessoal nem a do Partido.”

Avaliados e “estudados” os “dez alvos”, em particular, e após “todos os procedimentos”, que até podem incluir a seleção de “candidatos independentes apoiados pelo partido”, é que os nomes “aprovados” devem ser tornados públicos. 

A “estratégia” para atacar autarquias da CDU, do PS e também os “independentes” e “socialistas” no Porto é precisamente a mesma para “defender” sete câmaras municipais que são consideradas “preocupações” no PSD.

Tradução: autarquias que por “diversas razões”, incluindo “a mudança de presidente” por limitação de mandatos podem mudar de cor partidária - e em média, isso acontece em 40% das câmaras nessa situação.

Neste caso, a “preocupação” reside em Bragança [PSD], Faro [Coligação PSD, CDS, IL, MPT e PPM], Braga [PSD, CDS, PPM e Aliança), Aveiro [PSD, CDS, Aliança e PPM), Santarém [PSD], Cascais [PSD e CDS] e Coimbra que junta PSD, CDS, Nós Cidadãos, PPM, Aliança, RIR e Volt.

Neste último caso, em Coimbra, a dúvida chama-se “Ana Abrunhosa”. É o nome falado para uma candidatura socialista - que “ainda não terá aceitado”, disse ao DN fonte socialista. É ela que o PSD teme. Já o PS considera que  “sozinha dificilmente ganhará” porque a “direita unida” tem mais votos. É com isto que o PSD conta. 

O que já está garantido é que o CDS de Nuno Melo verá renovadas todas “as coligações atualmente existentes que se tenham revelado positivas quer eleitoralmente, quer em termos de desempenho autárquico”. 

Sendo “regra” o partido “concorrer a todos os órgãos autárquicos” em “listas próprias” abrem-se exceções, para além dos atuais casos “existentes”, nas autarquias “onde a avaliação política aponta para coligações ou apoio a candidaturas independentes”. A avaliação para coligações é feita após a análise da “fundamentação clara das suas vantagens políticas” que as distritais devem elaborar. 

“Em circunstâncias muito específicas e decorrente de avaliação de todos os intervenientes - Coordenadora Autárquica e Órgãos Concelhios, Distritais e Nacional -, poderá o PSD decidir pelo apoio a candidaturas independentes”, clarifica-se no documento que traça a estratégia eleitoral. 

O caderno de encargos para os candidatos define oito “compromissos” - Serviço Público, Transparência e a Integridade, Idoneidade e a Ética, Prosperidade e a Coesão Social, Inovação e a Transformação Digital, Sustentabilidades, Democratização e Descentralização, Liberdades Individuais e Coletivas - e o “desejo de aumentar a participação feminina nas listas, não para efeitos de cumprimento das quotas legais, mas para assegurar que não deixa de identificar as melhores candidatas de cada estrutura para participarem no processo eleitoral em lugares efetivamente elegíveis”.

E por fim, surge a constatação de que uma “Democracia plural depende de uma participação efetiva tanto de homens, como de mulheres, mas sabe [o PSD] que, na política, é mais difícil identificar candidatas mulheres disponíveis para disputas eleitorais”.