Para o presidente da Iniciativa Liberal, "André Ventura está a mentir" sobre a alegada proposta de acordo feita por Luís Montenegro numa reunião com o presidente do Chega para a viabilização do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), que abrangia a possibilidade de o partido integrar o Governo.
"A existência de reuniões, sejam elas quantas forem, e parece que também aí há uma divergência no Governo e no número apontado por André Ventura, não implicam a existência de um acordo”, argumentou Rui Rocha, em entrevista à CNN Portugal.
Mas o líder dos liberais também justificou a sua posição com as reuniões que teve com Montenegro, nas quais o primeiro-ministro garantiu, "em diferentes momentos", que a linha vermelha do "não é não" era "para manter”.
“Nas reuniões que tive com o primeiro-ministro, aquilo que me foi comunicado é que a questão da linha vermelha do ‘não é não’ era uma questão permanente e irrevogável - esta, sim, irrevogável -, na visão do primeiro-ministro. Portanto, tenho uma obrigação cívica, que vai para lá do exercício da política, de preservar, também como líder político, as instituições”, disse Rui Rocha, acusando o líder do Chega de "falsidade" em relação à possibilidade de ter existido uma proposta de acordo por parte de Montenegro com vista à viabilização do OE2025.
Rui Rocha sustentou ainda esta posição com a postura do líder do Chega. "Quando alguém acusa outra pessoa de mentir, e foi o que André Ventura fez, deve apresentar provas. É assim que se faz. Quando se foge à apresentação de provas dá uma indicação clara de que aquilo que se disse não corresponde à realidade”, defendeu.
"Estou aberto ao contraditório. Se André Ventura amanhã disser ‘eu tive reuniões no dia tal e tal’, se apresentar as datas e se apresentar provas concretas, eu revejo a minha posição e digo, ‘Luís Montenegro mentiu ao país’", afirmou.
O líder da IL considerou, no entanto, que, com o que sabe atualmente, o líder do Chega não está a dizer a verdade. "Com o que tenho na mão neste momento, com o conhecimento que tenho, entendo, como já disse, que André Ventura está a mentir”, disse.
Assegurou que não se trata de defender o primeiro-ministro, mas sim um "dever institucional" para que exista uma "relação adequada, saudável entre as pessoas que estão na política".
Na mesma entrevista, Rui Rocha afirmou que "André Ventura tem sido, ao que parece, uma espécie de idiota útil de Luís Montenegro, porque vai a estas reuniões secretas, sai pela porta dos fundos, anda a implorar ir para o Governo ao mesmo tempo que diz que nunca estará no sistema".
Mas o "problema de André Ventura não é exatamente apenas esse", prosseguiu. "Também tem sido um idiota inútil com Pedro Nuno Santos, útil para a esquerda, mas inútil do ponto de vista daqueles que queriam mudar o país”, disse, referindo, por exemplo, que, devido ao Chega, "sucessivas medidas do PS" foram aprovadas e que na segunda parte da legislatura um socialista vai ser presidente da Assembleia da República.
Rui Rocha acusou ainda o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, de ter “falta de sentido de Estado”.
“Quando põe no mesmo patamar André Ventura e o primeiro-ministro, sem ter outra informação, está a ter uma posição de falta de sentido de Estado", afirmou.
O líder da IL não esclareceu o sentido de voto sobre o OE, mas afirmou: "não votaremos a favor".
Na quinta-feira em entrevista à TVI/CNN Portugal, André Ventura, disse que o primeiro-ministro lhe tinha proposto um acordo com vista à aprovação do Orçamento do Estado para o próximo ano, que admitia poder integrar o Governo.
"O primeiro-ministro mentiu", acusou o líder do Chega, referindo que na terça-feira Luís Montenegro "disse que o Chega não era um parceiro confiável, que ele nunca contou com o Chega e que o Chega foi arredado das negociações".
Pouco depois, através de uma mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter), o primeiro-ministro garantiu que "nunca o Governo propôs um acordo ao Chega", e acusou André Ventura de mentir.