Premium
Política
07 novembro 2024 às 23h19
Leitura: 5 min

Chega mobiliza eleitos em Loures de olhos postos nas autárquicas

André Ventura falou aos autarcas antes de a Assembleia Municipal de Loures votar recomendação da CDU para reverter despejo de envolvidos em tumultos. E, dizendo que cabe ao PS defender Ricardo Leão, realçou que é “um dos concelhos mais fortes do país para o Chega”.

As ambições autárquicas do Chega em Loures e a vontade de contrariar a tentativa de reverter a recomendação, aprovada pelo executivo municipal do socialista Ricardo Leão, para que o envolvimento em tumultos seja motivo de despejo nos bairros sociais, levou André Ventura a regressar ao concelho que marcou o início da sua ascensão política. Ainda como militante do PSD, quando foi candidato à presidência nas autárquicas de 2017.  

“É uma proposta de que não queremos abrir mão mesmo sabendo que isso provoca incómodo nos outros partidos e, sobretudo, no PS”, disse nesta quinta-feira Ventura, à entrada de um encontro com eleitos do partido no concelho, nas instalações da Assembleia Municipal de Loures. As mesmas que, horas depois, receberam a reunião do órgão autárquico em que foi votada a recomendação dos deputados municipais da CDU para que não se proceda à proposta de alteração do Regulamento de Habitação do Município de Loures.

Essa recomendação foi chumbada na noite de quinta-feira, pelas bancadas do PS, PSD, Chega e Iniciativa Liberal, com abstenção do PAN e só com apoio da CDU e do Bloco de Esquerda. Presente, Ricardo Leão garantiu que “não há qualquer tipo de alteração do Regulamento de Habitação que a Câmara de Loures possa aprovar que seja contrária à lei e à Constituição”, refutando acusações dos deputados municipais comunistas e bloquistas.

A recomendação apresentada pelo vereador do Chega, Bruno Nunes, fora aprovada pelo executivo camarário, com os votos favoráveis do próprio Ricardo Leão e dos restantes vereadores do PS e do PSD, contra quatro vereadores da CDU. Mas tanto a decisão do executivo camarário como a referência do presidente a “despejos sem dó nem piedade” geraram uma vaga de protestos no PS. E um artigo co-assinado por António Costa, no qual o antigo primeiro-ministro acusou Leão de ofender “gravemente a identidade e a cultura” do partido, levou a este se demitisse anteontem da presidência da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS.

“Não nos cabe a nós, nem a mim, nem ao vereador ou aos deputados municipais em Loures  vir em defesa do presidente da Câmara. Isso é trabalho do PS, evidentemente. Mas é estranho ver o antigo primeiro-ministro António Costa a falar da importância de combater o Chega em Loures e no país inteiro, quando, na verdade, a proposta do Chega é algo muito simples”, contrapôs Ventura, argumentando que “deveria ser relativamente consensual” que “quem participa em desacatos e destrói o património público não deve beneficar desse património público”. E disse que Pedro Nuno Santos não retirou confiança política a Ricardo Leão por “saber que temos razão”.

Objetivo para 2025

Quanto à possibilidade de os ataques que o presidente da Câmara de Loures enfrenta do seu próprio partido - apesar de Ricardo Leão ter avançado que irá recandidatar-se a um segundo mandato - poderem ajudar as aspirações do Chega nas próximas autárquicas, que terão lugar em setembro ou outubro de 2025, André Ventura disse que o seu partido “não precisa de ajuda de ninguém”.

Referindo-se a Loures como o município português onde a votação do Chega teve melhor evolução em termos percentuais, tirando os do Alentejo e do Algarve, o líder partidário disse que se trata “de um dos concelhos mais fortes do país” para o partido, que espera conquistar presidências de câmaras em 2025.