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Cultura
24 outubro 2024 às 00h06
Leitura: 5 min

Dos girassóis aos campos de trigo: uma viagem imersiva pelas obras de Van Gogh

A exposição Living Van Gogh arranca esta quinta-feira no Reservatório da Mãe D’Água da Amoreiras, em Lisboa com dois espetáculos de 360º graus e uma experiência de realidade virtual.

Nasceram os girassóis de Vicent Van Gogh no Reservatório da Mãe D’Água da Amoreiras. A exposição Living Van Gogh chega hoje a Lisboa, depois de um ano e meio no Porto. Esta é uma viagem imersiva pelas  pinceladas fortes de cores vivas vindas da mente do artista neerlandês. 

O espetáculo de 360º é uma  produção do Atelier OCUBO e da Immersivus Gallery e conta  ainda com o apoio da Embaixada do Reino dos Países Baixos em Portugal.  Antes de chegar à Europa, a exposição teve mais de 5 milhões de visitantes na América do Norte. 

Ao entrar no Reservatório da Mãe D’Água, ouve-se “Nunca me preocupei em representar exatamente aquilo que vejo e observo”, na voz do ator João Parreira, que na primeira parte da exibição representa Vincent Van Gogh. O espetáculo, intitulado a Sinfonia dos Girassóis , é inspirado no poema A Última Carta de Van Gogh a Theo do poeta português Al Berto. Durante 15 minutos, dá-se a conhecer alguns pontos marcantes da  vida  e dos tormentos que  assombraram o pintor dos girassóis num espetáculo de cores, luz e som.

“Nesta primeira parte, representamos Van Gogh como um sonhador, numa versão  pós-morte. Sabemos que o pintor teve uma vida muito tumultuosa e foi uma alma muito atormentada. Aqui ele encontra um momento de paz e serenidade, enquanto reflete sobre a sua vida”, explica Edoardo Canessa, diretor da Immersivus Gallery em conversa com DN. 

A segunda parte do espetáculo, intitulada Immersive Van Gogh, tem a duração de 30 minutos no qual são projetadas nas paredes do Reservatório da Mãe D’Água algumas das obras do artista. O trabalho é da autoria do artista  italiano Massimiliano Siccardi. 

“O que tentamos fazer foi entrar na cabeça de Van Gogh e entender o que aconteceu na sua mente”, explica Siccardi, acrescentando que o trabalho de pesquisa foi feito através das cartas que Vicent Van Gogh escreveu ao seu irmão Théo e outros livros sobre o pintor. “Um dos livros mais interessantes que usei para a conceção desta obra foi um do sobrinho de Vincent Van Gogh que passou por todos  lugares, onde o tio viveu”.

“Os visitantes sentem grandes emoções ao assistir ao espetáculo. Tem sido esse o feedback que temos recebido”, diz o artista italiano. 

Numa das paredes do Reservatório da Mãe d’Água,está a pintura Campo de Trigo com Corvos  em branco e dividida em quadros para que cada visitante utilize uma caneta para os  preencher. Além disso, no mesmo espaço, estão dispostas três telas eletrónicas onde se pode pintar retratos e paisagens do artista dos girassóis.  

Numa das salas da exposição existem telas interativas para serem preenchidos pelos visitantes. Créditos: Leonardo Negrão

Antes de chegar à última sala, os visitantes passam por uma representação do famoso Quarto em Arles , onde podem tirar fotografias e até experimentar uma representação de um chapéu com velas, que Van Gogh usava para iluminar o espaço enquanto pintava  de noite. 

Massimiliano Sicari, artista visual italiano, e Edoardo Canessa, diretor da Immersivus Gallery . Créditos: Leonardo Negrão

Na última sala há uma experiência de  realidade virtual que dura cerca de sete minutos. Através de óculos especiais, os visitantes embarcam numa jornada pelas obras do artista, passando pelos campos de trigos, noites estreladas e pelo já mencionado quarto de Arles.

Experiência de realidade virtual na Living Van Gogh, no Reservatório da Mãe D`Água das Amoreiras. Créditos: Leonardo Negrão

“Chegará o dia em que as pessoas verão que (as minhas pinturas) valem mais do que o custo da tinta e da minha subsistência”, disse Vicent Van Gogh na carta ao seu irmão Theo em 1888. A fama universal dos seus quadros mostram que o pintor  neerlandês tinha razão. 

A exposição imersiva está patente por tempo indeterminado. O preço dos bilhetes varia entre 8,5 e 15 euros.

Tópicos: Cultura, arte, Exposição