Saúde
01 julho 2024 às 16h51
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Presidente do INEM apresentou demissão e ministra aceitou de imediato

Luís Meira reuniu esta tarde com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, a seu pedido e depois de a governante ter feito novas críticas à sua gestão. Na reunião, foi o próprio a colocar em cima da mesa a sua demissão, que formalizou ao final da tarde. Em causa está a ausência de um concurso público para helicópteros.

O presidente do INEM, Luís Meira, apresentou esta segunda-feira o pedido de demissão à ministra da Saúde Ana Paula Martins, numa reunião pedida por si com caráter de urgência, ao início da tarde. Esta durou apenas 45 minutos, e depois das 19:00 Luís Meira formalizava esta decisão, confirmou o DN.   

Na base desta saída, estão divergências com a tutela devido aos contratos dos helicópteros de emergência médica. Luís Meira terá ficado profundamente desagradado com as críticas do ministério à forma como  geriu o processo dos helicópetros, cujo ajuste direto à empresa privada, Avincis, terminava no dia 30 de junho.

A substituição de Luís Meira era algo que já estava na mira da ministra, por não estar satisfeita com a sua gestão. No inicio de junho, anunciou mesmo que o ministério iria realizar uma auditoria à gestão do INEM, nomeadamente no que se refere a  contratações e ajustes diretos.

Depois de um a notícia avançada pelo JN na sua edição de Sábado, em que era referido que o INEM tinha prolongado o ajuste direto com a Avincis, o  Ministério da Saúde, em nota enviada à Lusa, veio dizer que "desde o dia 2 de abril até hoje, o INEM não abriu qualquer concurso público internacional para a aquisição do serviço, situação que a tutela afirma não compreender os motivos, uma vez que terá questionado o organismo por diversas vezes, mas o INEM "nunca apresentou uma solução".

A Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica entende que "o país não pode confiar" numa direção "com tantas falhas e trapalhadas no decorrer de quase uma década" e defende que a gestão de Luís Meira seja "devidamente escrutinada", sobretudo a resposta dada em termos de emergência médica.

No passado mês de abril, o INEM chegou a anunciar que ia lançar um novo concurso público para o serviço de helicópteros de emergência médica, depois de o concurso lançado em janeiro ter recebido duas propostas com valores superiores ao preço base.

No esclarecimento da tutela, o Ministério da Saúde diz que desde que o Governo tomou posse teve várias reuniões com o INEM sobre as necessidades deste instituto, acrescentando que aprovou "o aumento de remuneração aos bombeiros ao serviço da Emergência Médica e a alteração orçamental necessária para fazer face a essa despesa, com um impacto orçamental de 6,6 milhões de euros por ano".

Luís Meira logo no domingo veio discordar das críticas feitas pelo ministério, referindo ter pedido várias vezes à tutela uma nova resolução ministerial para poder avançar com o concurso internacional - já que o primeiro lançado em janeiro foi inviabilizado por terem aparecido apenas duas empresas e com preços mais elevados do que a base oferecida pelo INEM - e que nunca recebeu resposta.

Luís Meira estava no cargo desde 2016 e tendo sido nomeado pelo primeiro governo de António Costa.   

Tópicos: INEM, Saúde