"Os cavalos não se portaram à altura dos cavaleiros.” Esta conclusão consta do relatório de Manuel Latino, o tenente-coronel que liderava a equipa equestre nos Jogos Olímpicos de 1924, onde Portugal conquistou a primeira medalha, um Bronze.
Faz hoje100 anos que os cavaleiros Aníbal Borges d' Almeida, Hélder de Sousa Martins, José Mouzinho d' Albuquerque e Luís Cardoso de Menezes (Margaride) surpreenderam o mundo equestre ao terminar a prova de saltos em 3.º lugar no Prémio das Nações, entre os 19 países.
“Se avaliarmos a equipa pelos seus resultados temos de concluir que ela foi magnífica. As classificações obtidas execederam o que podíamos aspirar e foram invejadas por países cuja organização e preparação eram incomparavelmente superiores aos nossos. Mas não nos iludamos. Os nossos cavaleiors cumpriram e serão sempre elementos com que o País pode contar para o representar condignamente. Ao seu auxiliar indispensável, o cavalo, não podemos dizer o mesmo”, escreveu o líder da equipa. A medalha, deveu-se à “alma dos nossos cavaleiros, à sua coragem inexcedível”, que “eram olhados com desprezo antes da tarde de 27 de julho em Colombes”, e “não ao valor dos cavalos”.
Segundo a troca de correspondência que consta do relatório da VIII Olympiada nos arquivos do Comité Olímpico de Portugal (COP) a Missão esteve em risco por falta de verbas. Eram precisos cerca de 300 contos, que não haviam nos cofres, para os portugueses irem a Paris. Só a Missão do hipismo custava 168 contos.
Apenas uma subscrição pública viabilizou a presença de Portugal em Paris1924, com o presidente da República, Teixeira Gomes a fazer o primeiro donativo de 10 libras de ouro (1550 escudos). Um beijo de uma atriz foi a leilão e arrecadou 1200 escudos. Os aviadores portugueses na Índia juntaram 470 contos e viabilizaram a participação. Um jogo entre o Sporting e o Casa Pia rendeu 40 contos, mas uma zanga entre o presidente do Comité liderado por José Pontes e o casapiano Cândido de Oliveira custaria a presença ao futebol.