Política
09 fevereiro 2024 às 23h56
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Raimundo veio acabar com uma mentira, Ventura acusou o PCP de “morte, roubo e destruição”

Paulo Raimundo quis desfazer a ideia de que o PCP não paga impostos. André Ventura falou em assassinatos no PREC e disse que todas as intervenções do PCP na história “acabaram em morte, em roubo e destruição”.

O debate entre Paulo Raimundo e André Ventura arrancou na corrupção, um tem que está na agenda de PCP e Chega, mas logo aí as diferenças ficaram claras. Raimundo defendeu a ideia de que “a única forma de combater a corrupção é atacar o centro da corrupção e o centro da corrupção está nas privatizações”, uma situação em que entende haver “subjugação do poder político ao poder económico”. O secretário-geral do PCP deu como exemplos a ANA (cuja venda a privados foi arrasada pelo Tribunal de Contas), a Altice e os CTT. Mas não teve sequer tempo para explicar essa ideia.

André Ventura começou logo a atacar o que considera ser um preconceito ideológico dos comunistas. “Há corrupção no setor publico e no setor privado”, disse. Puxando pelo seu programa, o líder do Chega explicou que tem medidas para a “dissuasão, prevenção e confisco” de bens. Dissuasão através do aumento de penas e confisco de bens, mesmo antes de condenações. Não foi confrontado sobre a restrição de direitos e garantias que isso representa.

Ventura também não explicou como pretende aumentar pensões, primeiro para o valor do IAS, depois para o salário mínimo nacional. Estimou o custo da medida, em seis anos, nos 7% do PIB, ou seja “7 a 9 mil milhões”, frisando que é um “aumento progressivo das pensões”. Como se paga? Não explicou.

PCP tinha contas sobre pensões, Chega não

Em matéria de pensões, Paulo Raimundo explicou que a proposta do PCP é de um aumento de 7,5%, com mínimo de 70 euros, para todos os pensionistas e a redução da idade da reforma para os 65 anos. Tinha contas: os aumentos custam 1,6 milhões de euros. O mesmo valor dos benefícios fiscais às grandes empresas. “Está a ver onde é que se vai buscar? É fazer opções?”.

No tema das pensões, Raimundo esteve ao ataque às propostas do Chega. “Podemos propor tudo e mais alguma coisa, mas há uma história que conhecemos”, lembrou, recuando aos “tempos sombrios da troika” quando “o senhor deputado André Ventura estava a aplaudir aquelas opções”.

“O que se procura é voltar a 2011. E é por essa razão que o Chega está tão obcecado em dar a mão ao PSD para cumprir o projeto de 2011”, atirou o secretário-geral do PCP.

“A mentira acaba hoje”, disse Raimundo

De resto, o debate foi tenso quando Ventura tentou que Paulo Raimundo esclarecesse se o PCP defende ou não a saída da União Europeia e do euro. Raimundo não respondeu de forma clara, embora tenha dito que Ventura não leu bem o programa comunista. “Não quer responder porque está entalado”, lançou o líder do Chega.

Na pergunta do jornalista sobre a venda Vivenda Aleluia, Paulo Raimundo explicou que “não há nenhum duplo critério” do PCP sobre a venda do imóvel que era património do partido. “Fizemos uma permuta do espaço”, disse. “Temos alguma capacidade de influenciar isso?”, perguntou sobre os preços praticados pelo promotor nos apartamentos que estão a ser construídos naquele terreno.

“O PCP é o partido com mais património imobiliário”, atacou André Ventura, que aproveitou para atacar os benefícios fiscais dos partidos. O ataque foi usado por Paulo Raimundo para lançar um tema que trazia na manga.

“Há uma mentira que acaba hoje”, disse Raimundo. A mentira é que “o PCP não paga impostos”. “Quanto é que o Chega pagou de impostos em 2022?”, pergimtou sem que André Ventura conseguisse responder.

“Nós pagamos IMI”, afirmou o líder comunista. “O PCP pagou mais de 450 mil euros de impostos”, disse Raimundo, garantindo que “a Festa do Avante! pagou quase 190 mil euros de impostos”.

“O PCP parece democrático, mas não é”

O debate ainda foi ao tema da imigração, com o líder do Chega sem conseguir responder aos dados que mostram o impacto positivo dos imigrantes em Portugal, nomeadamente no que toca às contribuições para a Segurança Social. “A imigração é a 8.ª ou a 7.ª maior preocupação das pessoas. Os partidos devem dar resposta às preocupações das pessoas”, limitou-se a justificar.

André Ventura não explicou as quotas que o Chega quer impor nem os setores em que diz ser necessária a imigração.

Para Paulo Raimundo, “a emigração é um grande problema de Portugal”, com “gente empurrada para fora” que procura uma vida melhor. “É isso que se passa com quem bate à nossa porta”, afirmou, defendendo que “essas pessoas têm de ter direitos”.

Já no final do debate, André Ventura acusou o PCP de não ser democrático. “Parece que é democrático, mas não é”. Já no início do debate tinha acusado o PCP de ser responsável por mortes no PREC. No final, disse que todas as situações em que o PCP teve poder “acabaram em morte, em roubo e destruição”.