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Educação
15 agosto 2024 às 10h38
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Novo modelo do Secundário vai ser testado em sete escolas-piloto

Uma das principais novidades a arrancar já no próximo ano letivo é a disciplina “Literacias e Dados”, que vai visar matérias de Literacia Financeira, Comercial, Laboral e Participação Democrática. Novo modelo será experimentado em sete escolas nos próximos três anos.

Nos próximos três anos, os alunos de sete escolas (cinco agrupamentos, um colégio privado e uma escola profissional) vão ter novas disciplinas no Ensino Secundário, num projeto piloto que “permite alargar possibilidade de escolha dos alunos e diversificar percursos formativos.” Uma das novidades chama-se Literacias e Dados e vai visar matérias de Literacia Financeira, Comercial, Laboral e Participação Democrática. Haverá ainda uma disciplina chamada Projeto Pessoal, que contempla uma apresentação pública para obtenção de aprovação final.

As disciplinas são obrigatórias, mas, para já, apenas nas escolas escolhidas para implementar o projeto-piloto de um novo modelo para o ensino secundário: Agrupamento de Escolas de Alcanena, AE de Caneças (Odivelas), AE de Cristelo (Paredes), AE n.º 3 de Elvas, AE de Marinha Grande Poente, Colégio Pedro Arrupe (Lisboa) e Escola Profissional de Jobra (Albergaria-a-Velha).

“O Projeto-Piloto de Inovação Pedagógica (PPIP II) parte do diagnóstico de que os Cursos Científico-Humanísticos (CCH) e os Cursos Profissionais (CP), ofertas frequentadas pela esmagadora maioria dos alunos do Ensino Secundário, apresentam algumas limitações, tais como a rigidez curricular e a pouca articulação entre disciplinas. Assim, o objetivo passa pela possibilidade de aprofundamento de conhecimentos em diferentes áreas, proporcionando aos alunos uma formação mais abrangente e enriquecedora”, explica o Ministério da Educação (ME), em comunicado.

Neste novo projeto não são propostos cursos base, ao contrário do modelo vigente  - que contempla quatro cursos: Línguas e Humanidades, Ciências e Tecnologias, Ciências Socioeconómicas e Artes Visuais -, e as escolas poderão criar percursos formativos à medida de cada aluno, que pode escolher entre todas as disciplinas que existem nos agrupamentos, mesmo que sejam de cursos diferentes.

As matrizes devem integrar uma componente comum e uma componente específica. Na componente comum são obrigatórias as atuais quatro disciplinas de formação geral - Português, Língua Estrangeira, Filosofia e Educação Física -, a que se juntam então Literacia e Dados e Projeto Pessoal.

No que se refere à disciplina de Literacias, funcionará em vários módulos, com destaque para a Aliteracia Financeira, Política, Democrática e Análise de Dados, abordando, assim, diversas temáticas. A disciplina de Projeto Pessoal visará “a conceção, implementação e avaliação de projetos aplicados, por parte dos alunos.” “Estes projetos podem ser de natureza científica, tecnológica, artística, social, cultural ou outra (...) e pretendem incentivar o trabalho autónomo, a autoconfiança, proporcionando ao aluno o contacto com conhecimento, métodos e técnicas situados para além dos habitualmente considerados em sala de aula”, lê-se.

Já na componente específica, “os alunos podem optar pela frequência de qualquer uma das disciplinas que a escola oferecer, sendo que atualmente esta opção estava limitada a uma disciplina bienal e a uma disciplina anual”, assinala o Ministério, em comunicado. Além disso, “as disciplinas podem ser concluídas em qualquer um dos anos do Ensino Secundário, salvaguardando-se a frequência de disciplinas que permitam a realização dos exames finais nacionais necessários para a conclusão deste nível de ensino.”

Em declarações ao Diário de Notícias, Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), considera “uma mais-valia” as áreas trabalhadas na nova disciplina de Literacias, “muito importantes para preparar o futuro profissional dos alunos.” Contudo, alerta para a necessidade de “dar formação aos professores que vão dar essas novas disciplinas.”

Mariana Carvalho, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) também considera positiva a criação de novas disciplinas, “especialmente a literacia financeira”, embora entenda que as temáticas poderiam ser trabalhadas “no contexto das disciplinas já existentes.” A responsável fica expectante sobre os resultados do projeto-piloto e também reforça a importância da formação de “professores que consigam lecionar essas novas disciplinas.” Contudo, Mariana Carvalho ainda tem dúvidas sobre a operacionalização do novo modelo, que espera esclarecer numa reunião já agendada com o ME para a última semana de agosto.