Incidentes com diplomatas norte-americanos
01 abril 2024 às 12h37
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Investigação diz que misteriosa Síndrome de Havana foi criação da Unidade 29155 das secretas russas

A Síndrome de Havana foi relatada pela primeira vez em 2016, quando diplomatas dos Estados Unidos na capital de Cuba disseram ter adoecido e ouvido sons penetrantes durante a noite, gerando especulações de um ataque por parte uma entidade estrangeira com recurso a uma arma sonar não especificada.

Os misteriosos sintomas da chamada Síndrome de Havana sentidos por diplomatas norte-americanos nos últimos anos foram ligados a uma unidade de serviço secretos russos, de acordo com uma investigação conjunta da imprensa divulgada esta segunda-feira.

A Síndrome de Havana foi relatada pela primeira vez em 2016, quando diplomatas dos Estados Unidos na capital de Cuba disseram ter adoecido e ouvido sons penetrantes durante a noite, gerando especulações de um ataque por parte uma entidade estrangeira com recurso a uma arma sonar não especificada.

Outros sintomas, incluindo sangue no nariz, dores de cabeça e problemas de visão, foram posteriormente relatados por funcionários de embaixadas na China, na Europa e na capital dos EUA, Washington.

Os diplomatas podem ter sido alvo de armamento sónico russo, de acordo com o relatório conjunto do The Insider, Der Spiegel e 60 Minutes da CBS.

A investigação de um ano “descobriu evidências que sugerem que incidentes de saúde anómalos inexplicáveis, também conhecidos como Síndrome de Havana, podem ter a sua origem no uso de armas de energia dirigida por membros da Unidade 29155 (do GRU russo)”, disse o relatório.

A unidade 29155 da Rússia é responsável pelas operações estrangeiras e foi responsabilizada por vários incidentes internacionais, incluindo a tentativa de envenenamento do desertor Sergei Skripal no Reino Unido em 2018.

Porém, Moscovo rejeitou as acusações, considerando-as “infundadas”. “Este assunto já é falado na imprensa há muitos anos. E desde o início, na maioria das vezes, está ligado à Rússia”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em entrevista coletiva. “Mas ninguém jamais publicou qualquer evidência convincente, então tudo isso nada mais é do que uma acusação infundada e infundada”, acrescentou.

Washington fechou o seu escritório de imigração em Havana em 2018, no âmbito de uma mudança política dos EUA em relação a Cuba e também em resposta aos receios da altura de que a Síndrome de Havana "fosse resultado de um micro-ondas ou outro ataque eletrónico".

Os serviços secretos dos EUA também disseram em 2022 que a energia intensa dirigida a partir de uma fonte externa poderia ter causado alguns casos de Síndrome de Havana, oficialmente conhecida como incidentes de saúde anómalos (IAH, sigla em inglês).

Contudo, as secretas concluíram em março de 2023 que “não há provas credíveis de que um adversário estrangeiro tenha uma arma ou dispositivo de recolha que esteja a causar IAH”.

Washington anunciou a reabertura do seu escritório de imigração em Havana em agosto de 2023.

A investigação conjunta sugere que os primeiros casos da Síndrome de Havana podem ter ocorrido na Alemanha dois anos antes dos casos relatados em Havana em 2016, que deram o nome à síndrome.

“Provavelmente houve ataques dois anos antes em Frankfurt, na Alemanha, quando um funcionário do governo dos EUA estacionado no consulado local foi nocauteado por algo semelhante a um forte feixe de energia”, indica o relatório.

A New Yorker informou em julho de 2021 que cerca de duas dúzias de oficiais de serviços secretos, diplomatas e outros funcionários do governo dos EUA na Áustria relataram problemas semelhantes à Síndrome de Havana desde que o presidente Joe Biden assumiu o cargo no mesmo ano.

Os Estados Unidos destacaram peritos médicos e científicos para estudar os alegados ataques e as pessoas afetadas foram extensivamente examinadas para tentar compreender as suas aflições.