Legislativas 2024
29 fevereiro 2024 às 11h51
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Pedro Nuno Santos recusa viragem e desvaloriza sondagens. "O PS está bem"

"Estamos a trabalhar para ganhar com muita humildade democrática", disse o líder do PS, já depois de ter procurado desvalorizar a importância das sondagens, sobretudo as que apontam para um triunfo da AD.

O secretário-geral do PS recusou esta quinta-feira estar à espera de uma viragem no rumo da campanha, contrapondo que o seu partido está bem, tem relação de confiança com o povo e que as sondagens são para relativizar.

"Uma viragem? Uma viragem pressupõe alguma coisa", reagiu Pedro Nuno Santos em resposta a perguntas dos jornalistas, enquanto comia ao balcão de um café uma bifana com mostarda, acompanhada por uma imperial, ainda a meio da manhã, em Vendas Novas, distrito de Évora.

Para o líder socialista, nesta campanha eleitoral, "não há cá viragem", porque "o PS está bem e tem uma relação com o povo português".

"Estamos a trabalhar para ganhar com muita humildade democrática", disse, já depois de ter procurado desvalorizar a importância das sondagens, sobretudo as que apontam para um triunfo da AD (Aliança Democrática) no dia 10 de março.

Segundo Pedro Nuno Santos, "não se pode ignorar o que aconteceu nos últimos atos eleitorais" com as sondagens.

"Nas últimas eleições regionais dos Açores, a sondagem dava vitória ao PS; nas legislativas de 2022, as sondagens davam empate entre PS e PSD, e o PS teve maioria absoluta; nas autárquicas, em Lisboa, davam maioria absoluta ao PS, e nós perdemos. As sondagens valem o que valem, temos de as relativizar. Estamos concentrados em mobilizar o povo português, explicar o que está em causa e o que está em risco", argumentou.

Ao balcão de outro snack-bar, enquanto bebia um café, Pedro Nuno Santos disse ter vindo a Vendas Novas porque é a terra do cabeça de lista do PS por Évora, Luís Dias.

Questionado pelos jornalistas, tendo Luís Dias ao seu lado, o secretário-geral do PS recusou-se a comentar se o novo aeroporto de Lisboa deve ser localizado em Vendas Novas. E, numa conversa com o autarca de Vendas Novas, enalteceu a mobilização que está a ser conseguida pelo PS nesta campanha.

"Ao contrário deles, que têm tido autocarros de fora dos distritos, nós não precisamos, as pessoas estão animadas", disse.

Tal como tinha acontecido na véspera, durante o comício de Santarém, o secretário-geral do PS voltou a realçar o programa do seu partido para a saúde.

"Logo a seguir a 10 de março, vamos continuar o trabalho para generalizar as unidades de saúde familiar, porque a melhoria dos cuidados de saúde primários é essencial para evitar o afluxo das pessoas aos serviços de urgência. Temos de reduzir a necessidade de as pessoas se deslocarem aos hospitais", disse.

Ainda de acordo com Pedro Nuno Santos, se os centros de saúde tiverem meios complementares de diagnóstico, evitar-se-á a necessidade de recurso às urgências por parte de muitos utentes.

"Portanto, estamos perante um trabalho de reorganização do Serviço Nacional de Saúde", acrescentou.

Promete "corrigir o que não correu bem" a idosa que criticou casos e casinhos

O secretário-geral socialista assegurou ainda que o PS "vai corrigir o que não correu bem", salientando que tem uma "nova liderança" de uma "nova geração", depois de uma idosa ter criticado a gestão de Costa dos 'casos e casinhos'.

À entrada de um café, o secretário-geral do PS ficou à conversa com três pensionistas, uma das quais confessou ainda não saber em quem é que vai votar no próximo dia 10 de março, em particular por ter ficado desagradada pela forma como o atual primeiro-ministro, António Costa, reagiu às polémicas dos 'casos e casinhos'.

"Eu dá-me uma raiva ele estar a rir e a defendê-los todos. Mas o que é isto?", questionou, com Pedro Nuno Santos a contrapor que a ele lhe pedem é para "rir mais".

"Agora nós vamos corrigir o que não correu bem. Agora, é uma nova liderança, uma nova geração", acrescentou o líder socialista.

"Mas ele parecia que estava a fazer pouco dos 'casos e casinhos' e a defendê-los", insistiu a senhora, com Pedro Nuno Santos a responder: "Mas nós não e nós vamos cuidar das pessoas como sempre fizemos, e vamos fazer melhor ainda".

Pouco depois, em declarações aos jornalistas, a senhora disse não ter ficado agradada com o último mandato de maioria absoluta do PS e sublinhou que, apesar de gostar de Pedro Nuno Santos, o problema é ter integrado o Governo de António Costa, criticando a "trafulhada toda".

Espera inaugurar novo hospital do Alentejo em fevereiro de 2025

Pedro Nuno Santos disse esperar inaugurar o novo Hospital Central do Alentejo, em Évora, enquanto primeiro-ministro, em fevereiro de 2025, obra de uma dimensão que considerou impossível de concretizar pelo setor privado da saúde.

António Costa, para as legislativas de 2022, visitou o início das obras deste hospital quando andou em campanha pelo distrito de Évora. Agora, o seu sucessor na liderança dos socialistas, Pedro Nuno Santos, voltou a colocar este ponto na sua agenda.

O objetivo, segundo o atual líder do PS, foi mostrar que há obra em curso por todo o país e que se verifica uma aposta por parte do poder socialista na melhoria dos cuidados de saúde, designadamente através da construção de novos hospitais.

De acordo com a presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Alentejo, Filomena Ferreira Mendes, o novo hospital "vai ter a mão do primeiro-ministro, António Costa".

"É uma obra do PS, a maior obra pública na área da saúde", que, depois de trabalhos complementares, estará concluída em fevereiro de 2025, especificou, tendo então a ouvi-la Pedro Nuno Santos, o antigo ministro socialista Capoulas Santos e o eurodeputado do PS Carlos Zorrinho, entre outros responsáveis deste partido.

Pedro Nuno Santos falou a seguir aos jornalistas, dizendo que "é muito importante que os portugueses vejam o que se está a fazer um pouco por todo o país".

"E é também muito importante que todos tenham a consciência de que este hospital nunca existiria se estivéssemos à espera do setor privado. Este hospital existe porque o Estado, o Governo, decidiu fazer. Nós queremos continuar a investir no Serviço Nacional de Saúde (SNS), visando dar resposta às nossas populações", declarou o secretário-geral do PS.

Depois, o líder socialista aproveitou para deixar uma mensagem de confiança de que vencerá as eleições legislativas: "A nossa convicção é a de que seremos nós a inaugurar este hospital, este e muitos outros".

"Queremos continuar a fazer obras, que antes não eram feitas e que estão a avançar em muitos outros sítios. O pior que nos podia acontecer era travar esse avanço, que tem como objetivo um Estado social forte", completou.

Depois, numa nova tentativa de traçar uma linha de demarcação face à AD (Aliança Democrática), Pedro Nuno Santos frisou que o PS recusa desviar recursos para o setor privado e que até aposta num alargamento do SNS à saúde oral e mental.

Interrogado sobre o peso de suceder a um primeiro-ministro com oito anos de exercício do cargo, voltou a dizer que "o passado faz parte da história e tem orgulho nele".

"O PS, ao longo da sua história, vai sempre fazendo a mudança. Nós é que lideramos a mudança. Há um legado do qual temos orgulho, há coisas que não estão bem feitas, há coisas que deviam ter sido feitas e não foram, mas nós queremos fazer. Há trabalho a fazer no SNS, precisa-se de um novo impulso e de uma nova energia. Queremos continuar a avançar e não descapitalizar a desnatar o SNS", completou.

Os jornalistas insistiram no tema de António Costa, o que levou Pedro Nuno Santos a assumir que "as pessoas são diferentes".

"Mas somos do mesmo partido, temos uma visão solidária, de respeito mútuo e de sentido de comunidade. São esses valores que norteiam a nossa ação", acrescentou.

Confrontado com o facto de o presidente do PSD, Luís Montenegro, o ter acusado de falta de ambição, o secretário-geral do PS dirigiu-se aos jornalistas e desabafou: "Depois, dizem-me que só falo dos meus adversário".

"Ambição é querermos continuar a aumentar o salário mínimo e pretendermos rever em alta o acordo de rendimentos, que tem atualmente a meta de que o salário médio atinja os 1750 euros em 2027. Os nossos adversários querem atingir essa meta em 2030. Portanto, ambição é algo que temos nós", apontou.

Perante os jornalistas, recusou-se a pronunciar-se sobre a taxa de indecisos na primeira semana de campanha para as legislativas de 10 de março, remetendo para os comentadores essa análise.

 "Queremos mobilizar o povo português, corrigir o que não está bem, mas continuarmos a avançar. Connosco não serão dados passos atrás. O alfa e ómega não são as sondagens. As sondagens são contraditórias", insistiu.

Interrogado sobre a conclusão de projetos previstos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), Pedro Nuno Santos sustentou que, com um Governo do PS, "os prazos são cumpridos".

"É evidente que nas obras há sempre imponderáveis, mas os socialistas fazem. Este novo hospital é um motivo de grande orgulho e um grande fator de desenvolvimento do Alentejo, através de um setor de ponta. Para nós, não há regiões de segunda. O Alentejo é uma região de primeira", respondeu.

O novo Hospital Central do Alentejo, segundo o executivo, envolve em média 550 trabalhadores, tendo uma equipa técnica de 85 pessoas, e terá uma capacidade máxima de internamento de 612 doentes.