Médio Oriente
01 outubro 2024 às 09h33
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Líbano pede à ONU corredor humanitário para um milhão de deslocados

Primeiro-ministro libanês diz que o país enfrenta uma das fases mais perigosas da história do país. ONU revela que são necessários mais de 400 milhões de dólares (358 milhões de euros) de ajuda urgente.

O presidente do Parlamento libanês, Nabih Berri, próximo do Hezbollah, apelou à ONU para que crie um corredor aéreo que permita a entrega de ajuda humanitária a cerca de um milhão de deslocados pelos ataques israelitas no país.

De acordo com um comunicado do seu gabinete de imprensa, Berri pediu às Nações Unidas para que "estabeleçam uma ponte aérea que assegure a entrega dos fornecimentos de ajuda humanitária".

Ao mesmo tempo, apelou ao Comité Internacional da Cruz Vermelha e ao Crescente Vermelho libanês para que "cumpram o seu dever", entregando alimentos e material médico aos libaneses do sul do país, a zona mais afetada pelos ataques aéreos israelitas, a par de Beirute, a capital, situada mais a norte.

Berri agradeceu a "todos os países árabes irmãos e amigos que começaram imediatamente a enviar ajuda", bem como aos libaneses e a todas as forças políticas que acolheram as pessoas deslocadas que foram "injustamente" alvo da "máquina destruidora" de Israel.

Também esta terça-feira, o primeiro-ministro interino do Líbano, Nayib Mikati, avisou que o país "enfrenta uma das fases mais perigosas da sua história", palavras que surgiram horas depois de o exército israelita ter desencadeado uma nova invasão do país, após mais de 11 meses de combates com o Hezbollah na fronteira.

Mikati, que elogiou o "apoio contínuo" da ONU e dos "países irmãos árabes e outros países amigos", fez um apelo "urgente" a mais ajuda para "reforçar os esforços em curso para prestar assistência básica aos deslocados".

Entretanto, a ONU apelou a cerca de 426 milhões de dólares (cerca de 383 milhões de euros) para ajudar os cerca de um milhão de pessoas deslocadas no Líbano pelos ataques de Israel, que na terça-feira desencadeou uma nova invasão do país vizinho.

Sirenes antimíssil soaram no centro de Israel

As sirenes de alerta de ataques com mísseis soaram esta terça-feira no centro de Israel depois de ter sido noticiado que tinham sido disparados projéteis do Líbano contra território israelita.

"As sirenes soaram no centro de Israel na sequência do disparo de projéteis a partir do Líbano", declarou o Exército israelita em comunicado.

Em Telavive, um jornalista da Agência France Presse ouviu explosões que poderiam ser a interceção de projéteis pelo sistema antimíssil de Israel.

As Forças Armadas de Israel confirmaram que iniciaram durante a noite ataques terrestres "limitados, localizados e direcionados" contra "alvos terroristas e infraestruturas do Hezbollah no sul do Líbano".

Hezbollah desmente incursão terrestre israelita no sul do Líbano

O grupo xiita libanês Hezbollah negou esta terça-feira que esteja em curso uma incursão terrestre israelita no sul do Líbano, como afirma Israel, e garantiu que não houve qualquer "confronto direto" entre os seus combatentes e o exército israelita.

"Todas as afirmações sionistas de que as forças de ocupação entraram no Líbano são falsas", disse o chefe do departamento de informação do Hezbollah, citado pelas agências internacionais.

As Forças de Defesa de Israel (FDI) anunciaram ter iniciado na noite passada ataques terrestres "limitados, localizados e direcionados" contra "alvos terroristas e infraestruturas do Hezbollah no sul do Líbano".

"Estes alvos estão localizados em aldeias perto da fronteira e representam uma ameaça imediata para as comunidades israelitas no norte de Israel", frisaram as FDI, numa nota na rede social Telegram.

O porta-voz do Hezbollah, Mohammed Afifi, afirmou entretanto que "não houve confrontos diretos no terreno" com as tropas israelitas.

Afifi afirmou que os combatentes do Hezbollah estão prontos "para um confronto direto com as forças inimigas que ousem ou tentem entrar no Líbano para lhes infligir baixas".

Advertiu ainda que o facto de o Hezbollah ter disparado mísseis de médio alcance contra o centro de Israel "é apenas o começo".

Exército Libanês Nega Retirada Da Fronteira Sul

 
O exército libanês garantiu esta terça-feira que não se retirou da fronteira com Israel, apesar de terem sido divulgadas informações nesse sentido, explicando que está apenas a reposicionar-se face aos ataques "cada vez mais bárbaros" do "inimigo israelita".

"As unidades militares destacadas no sul estão a proceder a um reposicionamento de alguns pontos de observação avançados", até porque "o inimigo israelita está a realizar ataques cada vez mais bárbaros contra várias regiões libanesas", afirmou o exército numa publicação na rede social X.

Sublinhando que mantém a "cooperação e coordenação" com a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil), o exército garantiu que as informações divulgadas por alguns meios de comunicação social sobre a retirada dos postos fronteiriços no sul "são imprecisas".

A posição do exército libanês surge depois de Israel ter desencadeado uma operação "seletiva e limitada" naquele país vizinho, argumentando ter como alvo "terroristas e infraestruturas" do grupo xiita libanês pró-Irão Hezbollah, que considera "uma ameaça imediata e real".

A ofensiva insere-se na Operação 'Setas do Norte', a campanha militar que começou há pouco mais de uma semana contra alvos do Hezbollah e decorrerá "ao mesmo tempo que os combates em Gaza e noutras zonas".

Lufthansa e Swiss prolongam suspensão de voos para Beirute

As companhias aéreas Lufthansa e Swiss prolongaram esta terça-feiraa suspensão de voos para Beirute, no Líbano, devido à intensificação do conflito entre o Hezbollah e Israel, anunciaram as empresas alemã e suíça.

A Lufthansa anunciou esta terça-feira que vai prolongar a suspensão das suas ligações com Beirute até 30 de novembro, em vez de 26 de outubro inicialmente previsto, à medida que o conflito se intensifica no Líbano.

A companhia aérea decidiu também prolongar a suspensão dos seus voos para Telavive, Israel, até 31 de outubro, segundo um comunicado de imprensa.

Também a companhia aérea suíça Swiss anunciou esta terça-feira o alargamento da suspensão dos seus voos para Beirute e Telavive.

A companhia aérea Swiss decidiu suspender os voos de e para Telavive até 31 de outubro de 2024, inclusive, e todos os voos de e para Beirute serão cancelados até 30 de novembro de 2024, inclusive, indicou a companhia aérea em um comunicado de imprensa.

Várias companhias suspenderam já as ligações com o aeroporto de Beirute devido aos bombardeamentos israelitas.

Autoridades de diferentes países do mundo retiraram ou estão a retirar os seus cidadãos.