Livro doO financiamento da Educação cresceu mais de 500% em 50 anos de democracia. Esta é uma das muitas conclusões do primeiro volume – de uma coleção de quatro livros – das séries históricas O Ensino em Portugal antes e depois do 25 de Abril, elaborado pelo EDULOG, o think tank para a Educação da Fundação Belmiro de Azevedo, que tem como um dos temas principais a evolução do financiamento da Educação.
Segundo a obra, os gastos do Estado com Educação evoluíram de mais de 1,25 mil milhões de euros para cerca de 8 mil milhões de euros, ambos valores equivalentes a preços do início do século XXI. Os gastos em Educação passaram, assim, de 2% para cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Nesta primeira edição, os autores Maria Eugénia Mata, professora na Nova SBE – School of Business & Economics, e Nuno Valério, professor no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), mostram que em 50 anos de democracia a despesa do Estado em Educação aumentou cerca de 530%, tendo passado de mais de 1,25 mil milhões de euros para quase 8 mil milhões de euros. Quando comparado o peso destes valores no total da despesa pública e o seu impacto na economia, conclui-se que nos anos 70 do século passado os gastos em Educação representavam 15% das despesas públicas e 2% do PIB do país, ao passo que, atualmente, a representatividade do financiamento do sistema educativo se situa entre os 6% e os 7% da despesa pública, perfazendo 5% do PIB nacional.
Contudo, sublinham os autores, apesar do crescimento significativo, foi no final dos anos 60 – e até ao período que antecede a “Revolução dos Cravos” – que Portugal fez o maior investimento na educação e no sistema de ensino do país, dado o aumento verificado na procura de escolarização nos diferentes níveis de ensino e com a expansão da rede escolar. Para Maria Eugénia Mata e Nuno Valério, esta realidade verifica-se quando se comparam os 250 milhões de euros de gastos em Educação (a preços do início do século XXI) no período pós-Segunda Guerra Mundial, contra os 1,25 mil milhões de euros registados em meados dos anos 70.
Esta fase de maior financiamento na educação teve continuidade nos primeiros 25 anos do novo regime democrático, com os valores da despesa do Estado a situarem-se na ordem dos 2,5 mil milhões de euros em meados da década de 80 – quando Portugal se tornou membro da Comunidade Económica Europeia – o que, na altura, correspondia a pouco mais de 10% da despesa pública e cerca de 3,5% do PIB.