A economia da Zona Euro já está paralisada, estagnou no quarto trimestre de 2023, e a previsão para 2024 é que avance apenas 0,6%, revelou ontem o Banco Central Europeu (BCE). Mas, ainda assim, a autoridade presidida por Christine Lagarde mostra-se insatisfeita com os valores da inflação (demasiado alta, acima de 2%, embora para lá caminhe) e, assim, faz questão de jogar pelo seguro e manter o aperto no custo do crédito, devendo começar a reduzir finalmente as taxas de juro apenas em junho, deu a entender Lagarde e confirmaram vários economistas.
Assim, as três taxas de juro diretoras do BCE ficaram inalteradas nos atuais máximos. O banco central revelou ainda que o crescimento económico europeu vai fraquejar ainda mais do que se pensava, mas, pelos vistos, os preços podem cair mais depressa, e perfila-se que o BCE possa cantar vitória mais cedo, pois deve chegar ao objetivo de inflação de 2% já em 2025, segundo as novas previsões.
A taxa de juro central de refinanciamento cobrada aos bancos comerciais da Zona Euro continuará, com altíssima probabilidade, até ao início do verão (junho), num dos valores mais elevados de sempre, em 4,5% (está neste nível desde setembro do ano passado), o que se traduz em meio ano de aperto máximo nas condições de crédito às famílias e empresas. A taxa de depósito do BCE mantém-se em 4%. A taxa marginal de empréstimos em 4,75%.
Questionada sobre quando pode então começar a descida dos juros, Lagarde respondeu que “precisamos claramente de mais provas, de mais detalhes”. “Saberemos um pouco mais em abril, mas saberemos muito mais em junho”.
Carsten Brzeski, o macroeconomista-chefe do grupo ING, diz que “a reunião do BCE foi clara e bem estruturada, com uma mensagem inequívoca de que, por enquanto, é demasiado cedo para discutir reduções de taxas, mas que chegará o momento de o fazer. Pensamos que será em junho”.
A equipa de analistas do Goldman Sachs acompanha nesse diagnóstico. “Lagarde afirmou que o BCE precisará de ver mais provas para ganhar confiança suficiente nas perspetivas de inflação e que muitos mais dados ficarão disponíveis entre as reuniões de abril e junho. Mantemos a nossa previsão para o primeiro corte em junho”.
O gabinete de estudos do BPI reitera a mesma ideia. “Tudo reforça a ideia de que a reunião de 6 de junho é a mais favorável para uma primeira descida das taxas, com 90% de probabilidade, segundo os preços dos ativos financeiros que, nas palavras de Lagarde, parecem estar a descontar melhor”.