A contribuição média anual dos trabalhadores estrangeiros para a Segurança Social foi de 2926 euros em 2023. Este valor corresponde a uma remuneração-base média mensal de 601 euros brutos (considerando 14 meses). Este valor médio fica 160 euros abaixo do salário mínimo nacional (SMN) de 2023, que era de 760 euros, e 220 abaixo do atual, que é de 820 euros . O sistema de Segurança Social registou a contribuição de 914.963 imigrantes, que, no total, descontaram mais de 2,67 mil milhões de euros, indicam dados fornecidos pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS). São descontos que ilustram distintos regimes contributivos (trabalho dependente, independente e contribuições voluntárias) e diferentes relações laborais. Embora representem uma média, indicam que o trabalho dos imigrantes é, em geral, marcado por baixos salários.
Os trabalhos dos imigrantes em Portugal “são principalmente os mais precários, os mais mal pagos, com piores horários, mais exigentes, manuais ou que não requerem habilitações - embora a sua inserção no mercado de trabalho português não reflita necessariamente as suas qualificações, persistindo situações de sobrequalificação -, e mais arriscados”, retrata, ao DN, Catarina Reis de Oliveira, professora do ISCSP-ULisboa e diretora até julho deste ano do Observatório das Migrações.
É um quadro onde predominam os contratos a termo, o trabalho sazonal e temporário, em atividades como a agricultura, restauração, alojamento e serviços ligados ao turismo. A média remuneratória dos trabalhadores estrangeiros “resulta de uma grande diversidade de situações contributivas em setores com remunerações baixas”, frisa. A investigadora lembra ainda que estas médias salariais incidem apenas sobre a base contributiva para a Segurança Social, “persistindo situações de complementos de remuneração que não geram base contributiva”, como os associados a alojamento e/ou alimentação, por exemplo.