Mais recursos humanos (professores, técnicos especializados e assistentes operacionais), revisão da decisão da realização de exames e provas em formato digital e requalificação das escolas são alguns dos temas que a comunidade escolar quer ver na agenda do ministro da Educação, Fernando Alexandre.
Ao DN, Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), conta que irá pedir uma reunião com caráter de urgência para reportar os problemas da escola pública, “pontuando, de imediato, o formato de realização das provas de aferição e finais, devolução dos 6 anos 6 meses e 23 dias e escassez de professores”.
“Esperamos um forte investimento nos recursos humanos das escolas, edificado e materiais e que faça da auscultação à Associação Nacional de Diretores um modo de trabalho para tomar as melhores decisões”, sublinha.
Já a Missão Escola Pública, um movimento apartidário de professores, apresenta nove reivindicações, de caráter urgente, pedindo resposta às mesmas em 60 dias. Os professores pretendem o “agendamento da recuperação de todo o tempo de serviço; a alteração ao atual modelo de Avaliação Docente; a eliminação das quotas de acesso aos 5.º e 7.º escalões; a alteração ao modelo de gestão, tornando-o democrático; a definição de ajudas de custo para os docentes deslocados; a anulação da possibilidade de recrutamento de professores por parte dos diretores, anulando esta ideia de reforço dos seus poderes autocráticos; o decretamento do fim das provas em formato digital; a implementação de medidas que visem combater o facilitismo e a indisciplina; a revisão do decreto que define a habilitação própria para a docência; a implementação de medidas que promovam uma verdadeira inclusão, quer de alunos com necessidades educativas especiais, quer de alunos estrangeiros; e o agendamento de reuniões de trabalho cujo objetivo seja a substituição das aprendizagens essenciais por programas mais exigentes, bem como a redefinição da carga horária das diferentes disciplinas”.
Pedidos que, na ausência de resposta por parte do Ministério da Educação (ME), podem levar ao agendamento de “ações de protesto no início da nova legislatura”.
Os Encarregados de Educação da COSAP (Concelhia de Setúbal das Associações de Pais)- um dos concelhos mais afetados pela falta de professores - também esperam resposta para os problemas da escola pública. Rui Moreira, membro da COSAP salienta “o contexto difícil na educação, com as condições e as carreiras de professores e demais funcionários das escolas a carecer de revisão, com infraestruturas a carecer de múltiplas intervenções, a falta de transparência da Construção Pública EPE, com carência de pessoal e de recursos materiais, com metodologias de ensino antiquadas e desajustadas”, temas que devem ter resolução rápida por parte do ME.
“Como se propõe o ministro da Educação a proporcionar ao nosso amanhã, que são os alunos de hoje, condições para de facto aprender, desenvolver competências e cidadania, que lhes permita constituírem-se como o futuro de Portugal, necessariamente melhor e mais equitativo?”, questiona. E para os pais da COSAP, há um tema que não deve voltar ao debate. “Casas de banho partilhadas, os Encarregados de Educação não concordam”, sublinha Rui Moreira.
Cynthia Valente