Bruno Lage atinge este sábado à noite (20.30, BTV), no Estádio da Luz, frente ao Gil Vicente, os 80 jogos no cargo de treinador do Benfica. Uma marca simbólica para um técnico que, com o despedimento do alemão Roger Schmidt, mereceu uma segunda vida no clube da Luz, depois de ter sido demitido em 2020 na sequência de uma das séries mais negras da história do clube, com apenas duas vitórias em 13 jogos.
Apesar desse registo, que surgiu após ter levado o Benfica ao 37.º título de campeão e a uma primeira metade da época 2019/20 muito boa, o treinador chega às oito dezenas de partidas com 68,3% de triunfos, sendo que se vencer o Gil Vicente chegará aos 68,75%, ultrapassando a marca de Jorge Jesus, o treinador com mais jogos (404), vitórias (277) e troféus (10) pelos encarnados, que contabiliza 68,5% de partidas ganhas.
Ainda assim, Bruno Lage está longe da percentagem do inglês Jimmy Hagan (78,3%) que levou o Benfica ao tricampeonato na década de 1970, sendo que um desses títulos foi alcançado sem derrotas. Com melhor percentagem, que o atual treinador do Benfica há outros sete treinadores, mas apenas um deste século, precisamente Roger Schmidt (69,5%).
Nesta segunda à frente do Benfica, Bruno Lage tem-se focado sobretudo em falar para os adeptos na tentativa de mobilizá-los para ficarem ao lado da equipa, depois da tensão vivida com Schmidt e que se mantém com a direção liderada por Rui Costa. E os resultados têm ajudado nessa missão, pois contabiliza três vitórias consecutivas, algo que em sua opinião se deve à filosofia que tem implementado: “Aquilo que temos de melhor é funcionarmos em equipa, ter o talento ao serviço do coletivo e o que cada um pode fazer para ajudar.” Nesse contexto, aproveitou para “valorizar a iniciativa do capitão” Nicolás Otamendi, que esta semana juntou todo o plantel num jantar fora do centro de treinos.
Bruno Lage assumiu entretanto que a equipa ainda não está a jogar como pretende. “O mais importante é trabalharmos diariamente para atingirmos isso”, disse, acrescentando que “a ambição é crescer como equipa”. “Temos criado mais situações de golo e pretendemos continuar nesse registo, mas ainda não fizemos nada de especial, ganhámos apenas três jogos”, recordou.
Questionado sobre o papel do compromisso defensivo de Ángel Di María, o técnico benfiquista diz que “o trabalho da equipa é muito importante” para que a equipa esteja organizada no momento defensivo. “Quero para Di María o que quero para todos, que a equipa seja competente e que haja responsabilidade de toda a gente a defender. Ninguém ganha sozinho. Comigo todos têm a responsabilidade de defender para recuperar a bola”, sublinhou, acrescentando que pretende uma equipa “mais agressiva no último terço, na busca de espaços e mais situações de finalização”, com “mais qualidade”.
O presidente Rui Costa disse esta semana que o plantel do Benfica, que foi idealizado por Roger Schmidt, podia ter sido construído por Bruno Lage. O técnico concordou com essa ideia. “Se há pessoa que sabe como gosto do plantel, é ele. Gosto de ter três guarda-redes e dois jogadores em cada posição e três avançados com perfis diferentes, como nós temos”, assumiu, mas lembrou que entraram futebolistas que “precisam de tempo de adaptação ao país, à cultura de clube, à forma de jogar e de treinar”.
Sobre o Gil Vicente, Lage disse que é importante que os jogadores do Benfica estejam “100% concentrados”, garantindo que não fará poupanças para o jogo de quarta-feira com o Atlético de Madrid, a contar para a 2.ª jornada da Liga dos Campeões.