Paris2024
02 agosto 2024 às 09h26
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Judoca Rochele Nunes eliminada em +78 kg, lembra emocionada perda do irmão de sete anos

No seu segundo combate na Arena Champ-de-Mars, a judoca portuguesa, oitava cabeça de série, caiu perante Larisa Ceric.

Uma técnica de estrangulamento (shime waza) 'apagou' esta sexta-feira a participação da portuguesa de Rochele Nunes nos Jogos Olímpicos Paris2024, com a judoca peso pesado (+78 kg) a perder com a bósnia Larisa Ceric.

"Não estava à espera, acabei 'apagando', porque estava encaixado", justificou, já na zona mista, uma emocionada Rochele Nunes, após um ano extremamente difícil, com a súbita morte do irmão mais novo no final de 2023, que não esqueceu esta sexta-feira de lembrar.

No tatami da Arena Champ-de-Mars, a judoca, oitava cabeça de série, partiu para o segundo combate com melhor desempenho frente à oponente (cinco vitórias e três derrotas), mas o equilíbrio foi notório até meio do combate.

Rochele e Ceric (16.ª pré-designada) ainda chegaram a ser castigadas por passividade, com 1.20 minutos, mas foi perto do meio do combate, numa primeira tentativa de pega da portuguesa, que a bósnia levou o combate para o chão.

O cenário ideal para surpreender e encaixar a portuguesa num 'shime waza', sob o olhar atento do árbitro, a não deixar passar mais de três segundos perante o 'apagar' de Rochele, levantando a mão em sinal de ippon para a bósnia.

A derrota da lusa implicou a sua saída de competição, por acontecer ainda nos oitavos de final. Apenas a entrada nos 'quartos' permite aos judocas seguirem uma de duas vias: se perderem caem na repescagem, se vencerem estão nas meias.

Na estreia, Rochele Nunes conseguiu o mesmo de Catarina Costa (-48 kg) no primeiro dia, vencer um combate.

Um duelo em que a peso pesado lusa bateu a tunisina Sarra Mzougui, com a arbitragem a atribuir-lhe um terceiro shido (castigo) o que dita a desclassificação (hansoku make).

"Uma derrota nunca vai bem. Eu sei que faz parte. Eu estou muito orgulhosa do meu percurso, de chegar aqui. Estar entre os melhores é muito difícil. Eu já passei por tanta coisa difícil", assumiu, à agência Lusa.

Os últimos tempos têm sido complicados para Rochele Nunes, que perdeu um irmão de sete anos há seis meses, "uma tragédia muito grande", em que teve de "acelerar o processo de luto" e que pôs um pouco em causa a participação em Paris2024, porque "não sabia se ia ter forças".

"Mas eu acho que se tem algo que eu aprendi em me tornar portuguesa foi exatamente sobre quão resilientes são os portugueses. E, infelizmente, isso é da vida, as coisas más acontecem para toda a gente e eu tive que ser forte, fui forte hoje, sinto que eu dei tudo", referiu a judoca, nascida no Brasil há 35 anos.

Entre os sete judocas lusos que competiram em Paris2024, numa participação que terminou hoje, Rochele Nunes e Catarina Costa chegaram ao segundo combate, enquanto Taís Pina (-70 kg) e João Fernando (-81 kg), em estreias olímpicas, e Bárbara Timo (-63 kg) e Jorge Fonseca (-100 kg) perderam no primeiro combate.

O melhor -- e a única medalha da missão portuguesa até ao momento -, aconteceu com Patrícia Sampaio (-78 kg), com a judoca tomarense a conquistar na quinta-feira a quarta medalha em Jogos Olímpicos para a modalidade em Portugal.

Sampaio repetiu os bronzes de Nuno Delgado (Sydney2000, -81 kg), Telma Monteiro (Rio2016, -57 kg) e Jorge Fonseca (Tóquio2020, -100 kg).