É o triunfo do adjunto. Vítor Bruno aceitou suceder a Sérgio Conceição e assinou até 2026. O acordo foi fechado ontem de manhã numa reunião entre o, até agora, adjunto de Sérgio Conceição e o presidente André Villas-Boas e os dois homens fortes do futebol portista, o diretor desportivo Andoni Zubizarreta e o diretor do futebol Jorge Costa, que teve o seu primeiro dia de trabalho no Olival, depois de ajudar a subir o AVS à I Liga e se despedir das funções de treinador. Vítor Bruno será apresentado já amanhã no Estádio do Dragão.
Natural de Coimbra (2 de dezembro de 1982), durante anos foi tratado como “o filho do Vítor Manuel”... até passar a ser Vítor Bruno, adjunto de Sérgio Conceição, condição que agora abandona ao fim de 13 anos de fiel ligação. Foi o pai, o treinador com mais jogos na I Liga (511 entre 1984 e 2002), que, segundo ele, há 16 anos “teve a coragem” de o atirar para o mundo do treino, “um meio tão competitivo e feroz, onde apenas sobrevivem os apaixonados que vivem a causa de forma intensa e dedicada”. Foi também o pai que o convenceu a tirar um curso de Ciências do Desporto e Educação Física, o que concluiu na Universidade de Coimbra, onde no dia 5 de março foi distinguido com o Prémio Carreira.
Foi um jogador apaixonado, mas nunca chegou a ser profissional e só espalhou o pouco talento que tinha para a prática da modalidade até aos 26 anos, nos campos pelados do Bidoeirense, Vigor Mocidade, Mirandense, Tourizense, Marialvas, Gândara e Valonguense.
A primeira experiência como adjunto foi ao lado de Augusto Inácio, no Interclube de Angola em 2009, ano em que também foi adjunto do pai, Vítor Manuel, no também angolano 1.º de Agosto.
Ser treinador principal é um passo natural sonhado de forma calculada e sem degraus em falso. “Trabalhou comigo no Leixões e na Naval e, na altura, percebi logo as qualidades que tinha, competência e no caráter. Ele teve o seu tempo de treinador-adjunto. É um passo normal para a sua carreira e vai ser um grandíssimo treinado”, contou Augusto Inácio, com quem voltaria a trabalhar na já extinta Naval 1.º de Maio (2009-10) e no Leixões (2010-11), antes de integrar a equipa técnica de Sérgio Conceição no Olhanense em 2011-12, época onde iniciou a parceria com o treinador que agora o acusa de traição, ao aceitar treinar os dragões em nome próprio.
Era o chefe na ausência do chefe Conceição, um “perfecionista”, como o definiu o pai em 2019. “O Vítor não é precipitado, é calculista e sabe dar os seus passos e traçar o seu caminho”, disse à RR Vítor Manuel, elogiando também a “capacidade de liderança” e a “relação de proximidade com os jogadores”.
Nessa altura, “o velhote” como lhe chama o filho, estava longe de imaginar como a ligação a Conceição ia terminar e definiu assim a função de adjunto: “Um adjunto não deve estar sempre de acordo, desde que haja sintonia na decisão final. É como num marido e mulher, é preciso alguma pimenta e contraste, para que não seja tudo igual.”