Líder do Chega
16 janeiro 2024 às 18h36
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André Ventura: "Se PSD lesse mais Sá Carneiro e menos Cavaco Silva tínhamos um partido muito melhor"

Presidente do Chega rejeitou apropriações do legado do fundador social-democrata com o argumento de que o antigo primeiro-ministro "é de todos".

 O presidente do Chega considerou esta terça-feira que o PSD seria "um partido muito melhor" se lesse "mais Sá Carneiro e menos Cavaco Silva", rejeitando apropriações do legado do fundador social-democrata com o argumento de que o antigo primeiro-ministro "é de todos".

Em declarações aos jornalistas, antes de participar numa palestra na Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, André Ventura foi questionado sobre um comunicado enviado à imprensa na segunda-feira pelo Instituto Francisco Sá Carneiro, que repudiou "as persistentes tentativas do líder do Chega em tentar colar-se à imagem e à memória do fundador do PPD-PSD" considerando que o histórico social-democrata "é inimitável, muito menos caricaturável".

"Se o PSD lesse mais Sá Carneiro e menos Cavaco Silva tínhamos um partido muito melhor", respondeu André Ventura.

O presidente do Chega disse ainda que Francisco Sá Carneiro "é de todos", reiterando que se identifica muito com o antigo primeiro-ministro e acrescentando que "há figuras que pela sua história não são de nenhum partido, são de todos".

"Sá Carneiro não é do PSD, nem do CDS, nem do PS, Sá Carneiro é de nós todos, quer de um lado, quer de outro", afirmou.

Ventura disse ainda que o comunicado divulgado pelo instituto na segunda-feira "mostra provincianismo de uma parte da sociedade portuguesa", dando como exemplo o caso de Winston Churchill, ex-primeiro-ministro do Reino Unido, que apesar de ter sido líder do Partido Conservador "é uma figura consensual da esquerda à direita".

O líder do Chega criticou ainda as medidas apresentadas esta terça-feira pela Aliança Democrática (PSD-CDS-PPM), após uma reunião com economistas, após a qual Luís Montenegro anunciou que a prioridade da coligação será "menos impostos e melhores serviços públicos", que também passarão pelo regresso das Parcerias Público-Privadas (PPP) na saúde e dos contratos de associação na educação.

Dizendo que concorda com uma descida do IRS e do IRC, Ventura acusou o PSD de não ter levado avante estas propostas quando esteve no Governo.

No congresso do Chega, que decorreu no passado fim de semana em Viana do Castelo, André Ventura reivindicou o legado do fundador social-democrata Francisco Sá Carneiro, chegando a afirmar que está tão preparado para ser primeiro-ministro como estava o antigo líder do PPD em 1979.

"Que André Ventura queira fazer crescer a base de apoio do seu partido através de um culto de personalidade centrado na sua figura é um direito que lhe assiste", lê-se no comunicado do Instituto Francisco Sá Carneiro, de segunda-feira, defendendo que o líder do Chega "está apenas a seguir a linha de outros partidos e movimentos populistas, na Europa e no mundo, que lhe servem de inspiração e de suporte, tanto nos atos como no discurso".

"Mas que não o faça procurando incorporar qualidades, que não tem, de um homem que se encontrava nos seus antípodas. Desde logo no campo do respeito pelas pessoas -- independentemente das suas origens, crenças, grupos étnicos, orientações sexuais ou condições socioeconómicas. Mas também no campo do primado da verdade sobre a demagogia e a mentira", lê-se no texto.

Ventura admite que dinheiro "não se multiplica" e compromete-se com quadro macroeconómico

O presidente do Chega comprometeu-se esta terça-feira a apresentar um quadro macroeconómico "nos próximos dias" para explicar como pretende financiar as suas propostas, admitindo que o dinheiro "não se multiplica" e adiantando que quer taxar os lucros das gasolineiras.

Esta garantia foi deixada por André Ventura, em declarações aos jornalistas, antes de participar numa palestra na Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, altura em que foi questionado sobre se fará o mesmo que a coligação Aliança Democrática (PSD-CDS-PPM), que remeteu esta terça-feira todas as contas para um quadro macroeconómico que será apresentado em breve. 

Ventura garantiu que tal quadro será apresentado quando o programa eleitoral for também divulgado, o que acontecerá "nos próximos dias".

Sobre as propostas que anunciou na 6.ª Convenção Nacional do Chega, em Viana do Castelo, nomeadamente equiparar as pensões mais baixas ao salário mínimo nacional, Ventura reconheceu que "é muito dinheiro e ninguém esconde isso" mas voltou a insistir que o financiamento terá origem numa taxa sobre os lucros da banca, o "combate à corrupção e à economia paralela", acrescentando a criação de uma taxa sobre os lucros das gasolineiras que "será de 40%".

Questionado sobre quanto poderá valer esta medida, Ventura respondeu que o partido quer "criá-la e avançar com ela para a poder estudar", tendo apenas "uma estimativa", sem concretizar valores.

O líder do Chega disse também que colocará o seu lugar à disposição - "de líder do partido, de primeiro-ministro, de ministro" - caso não consiga equiparar as pensões mais baixas ao salário mínimo nacional.

André Ventura foi ainda questionado sobre as críticas do secretário-geral do PS, que o acusou de mentir, respondendo que Pedro Nuno Santos "tem cadastro, não tem currículo" para ser primeiro-ministro.

O líder do Chega considerou que Pedro Nuno Santos "é um mau candidato a primeiro-ministro, não tem currículo, não tem credibilidade para ser primeiro-ministro e cada vez que fala fica pior".

Ventura estendeu ainda as suas críticas ao líder do PSD, Luís Montenegro, dizendo que existem "dois candidatos a primeiro-ministro que acham que não têm que ganhar o poder, o poder há de cair-lhes no colo".

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