O ponteiro do relógio marca 5h30 no Aeroporto Humberto Delgado. É por volta desta hora da madrugada que a área de chegadas do Terminal 1, ainda pouco movimentada, começa a receber pessoas à espera dos passageiros de voos transatlânticos, como do Brasil ou Estados Unidos. A essa hora, os painéis ainda não apontam atrasos, principal fator que fez o aeroporto de Lisboa ser considerado o sexto pior do mundo em ranking da AirHelp. , divulgado esta terça-feira.
Às vésperas do dia 15 de julho, aquele que, sabe o DN, é um dos dias com maior fluxo de pessoas no ano, o começo da manhã no aeroporto pode não ter atrasos, mas conta com outros problemas que se esticam ao longo do dia, como filas e avarias nas instalações. Entre as 06h00 e as 10h00, por exemplo, as grandes filas na imigração fazem com que alguns passageiros destes voos apenas consigam sair dali aproximadamente duas horas depois dos aviões aterrarem.
“Eles (controlo da polícia) têm sido muito mais criteriosos na imigração do que das outras vezes que vim para cá. Tive que mostrar todas as reservas, passagens de ida e volta, e também todas as acomodações. Até porque vamos viajar também para Espanha, portanto quiseram ver onde vamos ficar também lá. Sinto que ficaram um pouco desconfiados. Acaba por se formar uma fila enorme, mas é o trabalho deles, eu entendo e acho que estão certos: tem muita gente esperta querendo entrar para ficar”, conta Helena Tessari, brasileira de São Paulo que regularmente vem a Portugal passar férias.
Após a última viagem, há dois anos, na qual considera ter sido mais fácil entrar no país, Helena conta que o problema maior é a falta de pessoas no serviço. Desta vez, a viajante trouxe filhos, nora e netos para conhecerem Portugal. Além dos passageiros ficarem muito tempo no processo burocrático da polícia, Helena considera que há pouca gente a trabalhar nos guichés da imigração. Porém, destaca que isso não atrapalha a experiência no aeroporto e o ânimo de estar em Portugal.
“Sempre tenho a impressão que a essa hora da manhã tem menos gente trabalhando, mas não acho que isso seja um exclusivo de Lisboa. O importante é que deu tudo certo e agora quero apresentar à minha família esse país maravilhoso, a comida, vinhos, azeites, passear muito. No ano passado também estive na Madeira pela primeira vez e foi ótimo. É um excelente país para trazer família”, conta a brasileira, que desembarcou em Lisboa às 5h30 e chegou ao hall pouco antes das 8h da manhã.
Feliz no Brasil, Helena vem a Portugal só a passeio, ao contrário de muitos brasileiros que ou já chegam para ficar ou vêm “investigar” uma possível mudança. É o caso dos cariocas Mara e Rodolfo, que chegaram a Lisboa num voo da Azul, oriundo de Campinas, outro dos percursos que conta com mais passageiros nesta ponte aérea entre Brasil e Portugal. Com a filha a residir em Lisboa há mais de dois anos, o casal veio visitar o país a turismo pela primeira vez, mas já a pensar numa mudança futura.
“Na verdade, a ideia era vir no ano passado para conhecer e este ano fazer outra viagem até cá para fazer uma mudança definitiva. Mas tive uma fatalidade, a morte do meu pai no ano passado e a viagem a turismo ficou para trás. Acabámos por vir agora. A possível mudança também ficou um pouco congelada com essa situação”, conta Mara, antes do marido completar: “se gostarmos muito, é possível que acelere outra vez”, diz Rodolfo.
Entusiasmados por estarem no país pela primeira vez e por reencontrarem a única filha, o casal diz que a imigração foi mais fácil do que esperavam. A experiência da filha para entrar em Portugal dava a entender que poderia ser mais complicada. “A minha filha está apaixonada por Portugal e eu estou muito empolgada. Não só por Lisboa, mas também tenho um sonho de conhecer a Nazaré desde criança, então acho que vou ficar bem emocionada. Aliás, quando ela chegar já vou ficar bem emocionada também. Ainda não está aqui porque disse que íamos ficar no mínimo duas horas na fila da imigração, ela já teve alguns problemas para entrar. Mas tivemos sorte, estava com um pouco de receio de ser uma situação desconfortável, pedirem para ver meu cartão de crédito ou algo do género”, afirma Mara.