Curiosamente, a moção Pela Moralização e Transparência do Espaço Público propõe “eliminar o limite de doações” aos partidos “continuando a exigir a identificação dos doadores”, sem explicitar de que forma o fim destes limites ao financiamento partidário contribuiria para uma maior transparência.
A defesa da “reestruturação das forças de segurança”, outra das bandeiras do partido, também merece uma moção, que pede um aumento da remuneração base de PSP e GNR, fazendo com que “todos os suplementos e subsídios passem a integrar a remuneração base” e os serviços remunerados de segurança que hoje são feitos pela PSP passem para a “alçada da segurança privada”.
Tendo em conta que o descontentamento que se manifesta na abstenção pode ser um alvo interessante para o partido, há uma moção que entende que é preciso “valorizar e conquistar” os abstencionistas. O texto até tem sugestões para os militantes que queiram fazer esse trabalho de envangelização política.
“Ou é agora que vota ou isto ainda vai ficar pior” e “Para governos de direita, não há votos úteis, há o voto no Chega” são duas frases sugeridas para estas conversas com eleitores abstencionistas.
As crises na saúde e na habitação merecem uma moção cada. Sobre saúde, propõem-se contratos de trabalho mais flexíveis para os médicos, que permitam ganhar mais à hora e compatibilizar o trabalho no SNS com a clínica privada. Para resolver a crise habitacional, há uma moção que defende o aumento da oferta, através de um reforço da construção, e de forma genérica “repensar o IMI, IMT e IRS”.
Há outra moção que faz uma alusão ao pacote Mais Habitação, mas apenas para pedir a sua revogação na defesa do Alojamento Local como “um dos maiores motores económicos das cidades em Portugal”.
Tanto a Juventude do Chega como a moção Investindo num Futuro Promissor dos Jovens Portugueses em Portugal apresentam ideias para travar a emigração dos mais novos. Uma delas é a criação de “linhas de crédito com garantia mútua do Estado” para financiar estudantes no superior com spread e juros zero, “estando os jovens condicionados a trabalhar em Portugal enquanto o reembolso [do crédito] não for realizado integralmente”.
Baixar impostos para conseguir salários mais atrativos e dar apoios à compra ou arrendamento de habitação são outras ideias de um partido que, numa das moções, pede um “Estado mínimo”, mas que advoga ao mesmo tempo auxílios estatais.
No capítulo dos investimentos do Estado, aparece uma moção sobre mobilidade que pede que se estude uma terceira travessia sobre o Tejo em Lisboa além da “ponte 25 de Abril (ex-Salazar)” ou a ligação rodoviária entre Algés e Trafaria . Num momento em que se debate a localização do novo aeroporto de Lisboa, a moção entende que há que debater outras prioridades. “Podemos e devemos priorizar o investimento do Estado para um conjunto de obras mais urgentes, que poderá resolver muitos dos constrangimentos que os nossos cidadãos sofrem todos os dias”, lê-se no texto.