Quem já acompanhou as eleições brasileiras ou americanas está a ver uma espécie de filme repetido: fake news sobre fraudes no sistema eleitoral, polarização, divulgação de uma sondagem que foge à lei e mentiras divulgadas nas redes sociais. Acontecimentos das últimas semanas revelam que o Chega está a seguir a estratégia já utilizada em outros países pela extrema-direita, especialmente em diálogo com a rede do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, como destacaram no DN os investigadores Fernanda Sarkis e Marcus Nogueira, na edição de 11 de fevereiro. O DN questionou o partido sobre as situações, mas não obteve resposta até ao fecho desta edição. “Com tanta presença da rede bolsonarista na interação com a rede do Chega não causa surpresa, pois faz parte da estratégia”, explica Fernanda Sakis, mestre em Comunicação Política e investigadora.
Um canal no Youtube, criado no dia 22 de fevereiro, aparece numa propaganda nessa rede social onde se lê “Corrupção nunca mais”, com fotos de José Sócrates, Pedro Nuno Santos e António Costa. O link direciona para o canal, que tem o nome “Bolsonaristas em Portugal”. Há um mês, Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente brasileiro, esteve em Lisboa, onde reuniu com André Ventura e outros candidatos do Chega, como mostra uma foto publicada no dia 23 de janeiro no Instagram do brasileiro.