Violência contra mulheres
20 novembro 2024 às 10h40
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Já foram assassinadas 25 mulheres em Portugal este ano

Segundo o Observatório de Mulheres Assassinadas, o femicídio está a aumentar e corresponde a 80% dos casos de mulheres assassinadas no país

Em 2024 já foram assassinadas em Portugal 25 mulheres, entre 1 de janeiro e 15 de novembro, segundo o relatório preliminar do Observatório de Mulheres Assassinadas, promovido pela UMAR e apresentado esta quarta-feira no Porto.

O número é similar ao do período homólogo de 2023, mas apresenta uma diferença importate: cresceu o número de assassinatos catalogados como femicídio - ou seja, motivados por violência de género. Este ano, 20 dos 25 cassos de mulheres assassinadas referem-se a situações de femicídio, um aumento de 33% face ao ano anterior.

Desses 20 casos de femicídio, 16 deles ocorreram em contexto de intimidade e, destes, 15 foram cometidos por homens e um por mulheres. Segundo os dados apresentados pela equipa do OMA/UMAR, 12 desses casos ocorridos em contexto de intimidade aconteceram em relações que estavam atuais, enquanto quatro ocorreram em contexto de relações que já tinham terminado.

Em oito desses casos de femicídio em contexto de intimidade havia filhos em comum entre ofensor e vítima, e em três deles os filhos eram menores.

Dos outros quatro casos de femicídio, três reportam a situações de contexto familiar não íntimo e um aconteceu em contexto de violência sexual.

Violência prévia conhecida em metade dos casos

Segundo o relatório apresentado pelo Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR, metade dos femicídios podia ter sido prevenido com atuações atempadas, pois já existia violência prévia e era conhecida de familiares, vizinhos ou amigos.

Seis dos 20 casos ocorridos tinham já sido identificados pelas autoridades pois havia queixas na polícia, e em três desse casos havia mesmo ameaças de morte reportadas.

De resto, três dos agressores tinham já um historial criminal, incluindo de violência doméstica. E num dos casos havia mesmo historial de femicídio de uma ex-namorada.

Quanto ao perfil das vítimas de femicídio este ano, a maioria tinha mais de 36 anos, 14 tinham filhos e em seis dos casos os filhos eram menores de idade.

Quanto ao agressores, a maioria tem entre 51 e 64 anos. Dos 20 ofensores, 11 tinham filhos na altura do crime e em quatro desses casos as crianças eram menores.

Maioria dos crimes cometidos em casa conjunta


Doze dos crimes de femicídio ocorreram na residência conjunta de agressor e vítima, enquanto cinco casos ocorreram na via pública.

O meio empregue para o crime foi, na maioria, armas de fogo ou armas brancas, mas houve também femicídios concretizados com objetos contundentes ou outros meios.

Em seis dos casos existiu mesmo mais do que um meio para matar e a agressividade e violência do assassinato demonstrou não apenas intuito matar a vítima como de a desfigurar.

Segundo o relatório do OMA/UMAR, quatro dos 20 ofensores suicidaram-se, três tentaram e 12 encontram-se em prisão preventiva.