Caso das gémeas
25 outubro 2024 às 18h50
Leitura: 5 min

José Magro diz que não marcou consulta e se limitou a pedir contacto da médica

Empresário disse que tomou conhecimento do caso em 08 de outubro de 2019, quando foi contactado por Eduardo Migliorelli, um cidadão brasileiro seu conhecido, que lhe pediu o contacto dos médicos Teresa Moreno e José Pedro Vieira, que trabalhavam no Hospital Lusíadas, em Lisboa.

O empresário José Magro disse esta sexta-feira que não marcou qualquer consulta para as gémeas luso-brasileiras tratadas com um dos medicamentos mais caros do mundo e que a sua intervenção foi apenas pedir o contacto da médica Teresa Moreno.

José Magro foi ouvido esta sexta-feira na comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras que sofrem de atrofia muscular espinal e receberam em 2020 o medicamento Zolgensma no Hospital de Santa Maria. Foi chamado porque o seu contacto está presente num email enviado pela mãe das crianças e o Hospital Lusíadas.

Na sua intervenção inicial, o empresário disse que tomou conhecimento do caso em 08 de outubro de 2019, quando foi contactado por Eduardo Migliorelli, um cidadão brasileiro seu conhecido, que lhe pediu o contacto dos médicos Teresa Moreno e José Pedro Vieira, que trabalhavam no Hospital Lusíadas, em Lisboa.

Na sequência desse pedido, contactou Victor Almeida, à época diretor comercial dos Lusíadas Saúde e com quem tenha "uma relação próxima". Nos dias seguintes, teve conhecimento que Nuno Rebelo de Sousa também pretendia o contacto da neuropediatra.

José Magro indicou também que, como em 15 de outubro ainda não tinham obtido o contacto, sugeriu ao filho do Presidente da República que fosse enviado um email para Victor Almeida a mencionar o caso e o interesse em contactar a médica Teresa Moreno, e que pediu que o seu endereço de email estivesse em conhecimento para poder acompanhar a evolução do pedido. Mas não soube responder se foi Nuno Rebelo de Sousa que transmitiu isso à mãe das gémeas.

No dia 22, teve indicação por parte de Nuno Rebelo de Sousa de que ainda não tinha sido possível obter o contacto, mas que a sua intervenção não seria mais necessária e que iria "fazer de outra forma", sem especificar ao que se referia.

"A partir daí esgotou-se a minha intervenção no caso", indicou, salientando que nunca pediu a marcação nem a desmarcação da consulta que esteve inicialmente marcada nos Lusíadas e a sua intervenção no caso passou apenas por pedir o contacto da médica Teresa Moreno.

José Magro indicou que intercedeu neste caso "por dever de cidadania" e "sentido de humanidade".

O gestor disse também que nunca teve qualquer contacto com o Presidente da República ou qualquer membro da sua Casa Civil, nem com nenhum membro do Governo ou os hospitais Santa Maria e Dona Estefânia.

Em resposta ao PS, José Magro disse que "sabia que havia duas gémeas que estavam em situação grave, mas não sabia qual era o objetivo" do contacto com Teresa Moreno e que não teve conhecimento da evolução do caso.

O consultor empresarial lembrou ainda que foi vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira entre 2015 e março de 2019, e que foi no "desempenho dessas funções e por causa do desempenho dessas funções" que conheceu Eduardo Migliorelli, Victor Almeida e Nuno Rebelo de Sousa.

José Magro indicou que desde que deixou as funções na câmara de comércio encontra-se "raramente" com o filho do Presidente da República, com quem tem uma "relação cordial".

Questionado pelos deputados, José Magro disse que nunca falou com a mãe das meninas, nem conhece ninguém da família. Também não conhece a companheira de Nuno Rebelo de Sousa, Juliana Drummond, ou a neuropediatra e não sabia que Teresa Moreno trabalhava no Hospital de Santa Maria.