NOS Alive 2024
11 julho 2024 às 22h33
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Benjamin Clementine cantou entre os "amigos" portugueses

Benjamin Clementine, cantor, autor, poeta e ator inglês apresentou-se mais uma vez em Portugal no primeiro dia do NOS Alive, no Passeio Marítimo de Algés.

Benjamin Clementine  voltou a um palco em Portugal. No primeiro dia da edição de 2024 do NOS Alive, no palco principal, o inglês apresentou-se vestido com aquilo que é a sua imagem de marca: um casaco sobre o tronco nú e descalço.

Ainda antes do pôr do sol, pelas 20 horas, o compositor, cantor e poeta, iniciou o seu concerto – com a duração de aproximadamente uma hora e dez minutos– com o tema Toxicaliphobia acompanhado de vários músicos entre os quais sete elementos de cordas (violinos, violoncelos e contra-baixo) e com o próprio a alternar entre o piano e o sintetizador.

Seguiram-se Liz Taylor's Bag, Tempus Fugitive, Happenstance, Difference e Residue, duas canções do último álbum And I Have Been (2022), um trabalho escrito, produzido e interpretado pelo britânico que criou as músicas durante a pandemia de covid-19. Em Residue brincou, como sabe, com a sua voz que não dista, em certas alturas e em certos tons, da voz de Nina Simone.

Depois seguiu-s Auxiliary e Delighted ambas também do seu trabalho mais recente, e Connestone do trabalho de estreia.

O cantor é presença assídua em Portugal desde o lançamento desse seu álbum de estreia, o aclamado At Least for Now (2015). E foi mesmo com as músicas desse primeiro álbum que o público começou a reagir. Em Condelence, Benjamin Clementine aproximou-se do público e perguntou como se dizia “condelences” [condolências] em português. Tentou, sem grande sucesso, mas divertiu-se, e cativou (ainda mais) o público.

No Passeio Marítimo de Algés, Clementine continuou a sua atuação com as canções Jupiler, Ports of Europe e depois Phantom. De seguida, e acompanhado por sete elementos de cordas, e ao piano tocou (e cantou) o tema Nemesis, que foi escolhida como genérico da série Morning Show, uma das séries de maior sucesso da Apple TV+, com Jennifer Aniston, Reese Witherspoon e Steve Carrel nos principais papéis.

Aliás, para os mais distraídos, é possível ver Benjamin Clementine a interpretar o papel de Herald of The Chance no filme Dune (2021), do realizador canadiano Denis Villeneuve. Provando mais uma vez a sua multidisciplinariedade astística. 


Benjamin Clementine
Álvaro Isidoro / Global Imagens

Aliás, a própria história de Benjamin Clementine é mais interessante que muitos guiões das plataformas de streaming. Nascido em Londres, em 1988, viveu durante alguns anos na condição de sem abrigo em Paris, a partir dos seus 19 anos.

Foi depois descoberto pela industria musical e aos poucos começou a tocar em alguns palcos alternativos de Paris. Poucos anos depois, foram quatro em França, regressou a Londres e conseguiu editar o seu album de estreia At Least For Now (2015) que venceu o Prémio Mercury desse ano (antes havia editado dois EP's: Glorious You e Cornerstone.

O seu sucesso como músico, a nível mundial, e a ligação a França levou o governo gaulês a distingui-lo como cavaleiro de Artes e Letras, pela sua contribuição para a cultura. 

Regressando ao recinto do Alive, o “cavaleiro” Benjamin Clementine terminou o seu concerto de sorriso na cara e, já na parte final interpretou Adios, I Won't Complain duas músicas bem conhecidas do público presente no Alive. No final, um apontamento do último álbum: a canção Genesis.

O público pedia mais e Benjamin sorria, divertido, como quem estava entre "amigos". No final, ficou no ar que um músico como Benjamin Clementine pede mais do que a “escassa” hora de atuação.

Mas como a maior parte dos amigos gosta de partilhar bons momentos entre si, não deve estar distante o regresso do monsieur Clementine aos palcos portugueses.


Álvaro Isidoro / Global Imagens