Líder do PS
13 outubro 2024 às 20h12
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Pedro Nuno Santos ao ataque: "Temos um Governo que vende ilusões"

O líder do Partido Socialista disse, no Congresso Federativo da Área Urbana de Lisboa, que Portugal tem um executivo "sem competência" e que "não é de confiança".

Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, defendeu este domingo que, em seis meses de governação, o executivo demonstrou que é incompetente e "não é de confiança", considerando que, "em cada momento em que foi testado, falhou".

"Passaram seis meses, o suficiente para nós percebermos que temos um Governo que vende ilusões, que apresenta PowerPoints, muito distantes do que é a dificuldade de fazer, concretizar, governar", declarou Pedro Nuno Santos num discurso no Congresso Federativo da Área Urbana de Lisboa (FAUL), que decorreu este domingo no Centro de Congressos do Estoril.

O líder socialista defendeu que "é na governação em concreto que se mede a competência de um Governo", acrescentando: "em cada momento em que eles foram testados, falharam".

"Seis meses é pouco. O suficiente para sabermos que temos um Governo sem competência e um Governo que não é de confiança", defendeu, salientando que foram seis meses para os quais muitos podem "continuar a dar o benefício da dúvida", mas reiterando que foram suficientes para perceber que o Governo "não tem competência".

Pedro Nuno Santos exemplificou várias áreas nas quais considerou que o Governo demonstrou incompetência, começando pelo anúncio pelo primeiro-ministro, em abril, de que ia fazer um corte no IRS de 1.500 milhões de euros".

"Não faltou muito tempo para todos ficarmos a saber que, nos 1.500 milhões de euros que tinham sido anunciados ao país, 1.300 milhões tinham sido já decididos e inscritos no Orçamento do Estado pelo Governo do PS", disse.

O líder do PS abordou depois o setor da habitação para frisar que o Governo "prometeu reduzir os preços da habitação através da isenção do IMT" e que o PS, na altura do anúncio dessa medida, tinha logo alertado que a medida "era errada, custava dinheiro" e iria criar um aumento no preço da habitação.

"Pois o que é que aconteceu? Bem mais rápido do que nós achámos, os preços voltaram a disparar e a engolir totalmente a isenção do IMT, que os municípios não vão receber, mas, mesmo que sejam compensados pelo Orçamento do Estado, perde o Orçamento do Estado e não há um jovem que tenha ganho com essa medida", criticou, acrescentando que "o Governo é mau nas soluções que tem para resolver os problemas do país".

Depois, Pedro Nuno Santos abordou o suplemento extraordinário para as pensões, salientando que o Governo o anunciou deixando que "se instalasse a ideia de que o anúncio que tinham feito na festa do Pontal era um aumento das pensões".

"Rapidamente começámos a perceber que não era nenhum aumento das pensões, era um suplemento extraordinário para um mês sem repetição. E muitos pensionistas ainda não repararam e, quando chegarem a novembro, vão perceber que a sua pensão é exatamente igual à pensão de setembro. Este Governo não é de confiança", afirmou.

O secretário-geral do PS abordou ainda os planos de emergência para a saúde e para a educação anunciados pelo executivo, salientando que, nas urgências de obstetrícia, houve este ano "40% mais de serviços encerrados" do que no anterior e, nas escolas, há "mais alunos sem professores".

"Incompetentes", criticou.

Neste discurso, Pedro Nuno Santos voltou a criticar o Orçamento do Estado apresentado pelo Governo, reiterando que "não é do PS", é "mau pelo que tem, mas sobretudo pelo que não tem", e voltou a abordar também as polémicas reuniões entre o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e os líderes do Chega e da Iniciativa Liberal, André Ventura e Rui Rocha.

O secretário-geral do PS defendeu que "a direita portuguesa é uma confusão" e "não se entende", considerando que têm mostrado "um espetáculo vergonhoso", e deixou críticas a Rui Rocha, ironizando que "aparenta saber o que aconteceu" nas reuniões em São Bento.

"Tratou de explicar o que é que não foi falado nas reuniões e quantas reuniões é que não houve. A Iniciativa Liberal já não é um partido. Está transformado numa guarda pretoriana do Governo e do primeiro-ministro", criticou.

PS "quer continuar a ser a primeira força política" nas autárquicas

O secretário-geral do PS afirmou que o partido "quer continuar a ser a primeira força política autárquica do país" e acusou Carlos Moedas de ser um autarca fraco e de não ter deixado "nenhuma marca" na capital.

"As autárquicas são o momento alto da nossa democracia, da democracia local. O PS é a principal força política autárquica do país e, daqui a um ano, nós queremos continuar a ser a primeira força política autárquica do país", declarou Pedro Nuno Santos, acrescentando que "não é por acaso" que o seu partido é a primeira força política autárquica, frisando que "os socialistas sabem que a melhor forma de governarem, de gerirem uma freguesia ou uma autarquia, é estando com o povo, sentindo o povo".

"É por isso que o PS é a principal força política autárquica", disse, para, logo de seguida, abordar a situação na Câmara Municipal de Lisboa e deixar duras críticas ao seu autarca, Carlos Moedas.

"Seis meses chegam-nos para avaliarmos um Governo. O que diremos nós de três, quatro anos em Lisboa para nós percebermos o fraco presidente de Câmara que infelizmente a capital do país tem?", questionou.

O líder socialista defendeu que "nunca foi a comunicação, a forma como se comunica, o acesso, que fez um bom presidente de câmara", contrapondo que é preciso serem "homens e mulheres de concretização, capazes de fazer, de mostrar obra".

Pedro Nuno Santos salientou que, em Lisboa, os socialistas sabem isso sabem porque, recentemente, lideraram a autarquia, pedindo que se compara, por exemplo, a situação atual a nível de higiene urbano com a que existia durante o mandato de Fernando Medina.

Vejam "a diferença numa capital que devia ser um exemplo de higiene e é uma vergonha para todos nós, para os lisboetas em particular. Eu tenho dificuldade em compreender o autoconvencimento do presidente da Câmara Municipal d Lisboa porque ele, se sair à rua, não pode estar orgulhoso do seu trabalho", afirmou.

O secretário-geral do PS considerou que Lisboa é "uma cidade com problemas graves de higiene urbana, uma cidade intransitável" e acrescentou que Moedas "não conseguiu deixar uma marca, não tem uma visão nem um futuro para a cidade".

"E o que tem para apresentar? Tem para apresentar algumas coisas, tem. Não foi foram lançadas por ele. Todas as casas, todas, que foram entregues na cidade de Lisboa, nenhuma é da sua responsabilidade. É do PS, é de António Costa, é de Fernando Medina, é do PS", afirmou.

Pedro Nuno Santos disse que o PS tem uma "grande missão pela frente", pedindo para se trabalhar com as estruturas, com os militantes, com as secções e concelhias, para se ganhar freguesias e municípios e fazer de Portugal "um grande país".

Num discurso antes de Pedro Nuno Santos, o presidente da FAUL, Ricardo Leão, tinha afirmado que o "primeiro grande objetivo" da federação é "vencer as eleições autárquicas de 2025, mantendo a maioria dos municípios da Área Metropolitana de Lisboa (AML)".

"O PS já governa sete dos 11 concelhos da AML, e é nossa ambição reforçar esta posição, consolidando a confiança que os cidadãos depositaram em nós", disse o também presidente da Câmara Municipal de Loures.