Parlamento
11 junho 2024 às 13h58
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AD ficava à frente em São Bento com resultados das europeias

Distribuição de votos das europeias nos 22 círculos encolhia Chega. IL era a grande beneficiada e o PS não teria maior grupo parlamentar.

A distribuição dos votos das eleições europeias nos 22 círculos eleitorais das legislativas (18 distritos, duas regiões autónomas e dois círculos da emigração) teria um resultado insólito: apesar de o PS ter obtido mais 38 mil votos do que a Aliança Democrática (AD) no domingo, a coligação continuaria a eleger mais dois deputados do que os socialistas caso estivessem em causa eleições legislativas. Assim sendo, a distância entre as duas forças principais não se alteraria, apesar de a 10 de março ter havido mais 55 mil portugueses a votarem nos partidos que sustentam o Governo de Luís Montenegro.

Essa aparente anomalia, que se repetiria no que toca ao Chega e à Iniciativa Liberal - pois os liberais, com menos 38 mil votos, teriam mais um deputado do que o terceiro mais votado -, tem a ver com a forma como os mandatos se repartem entre os círculos eleitorais.

Ainda que o maior número de votos do PS tenha garantido mais um mandato no Parlamento Europeu (8) do que os assegurados pela lista encabeçada por Sebastião Bugalho (7), a extrapolação da votação deste domingo para um cenário de legislativas implicaria que tanto a AD como o PS aumentassem os respetivos grupos parlamentares em 9 deputados. Apesar de os socialistas ganharem uma dezena de mandatos, com destaque para mais dois no círculo do Porto, perderiam o seu eleito pela Europa.

A principal vítima dos resultados de domingo seria o Chega, que ficaria sem 31 dos atuais 50 deputados se a votação da campanha, na qual o cabeça de lista Tânger Corrêa teve sempre consigo André Ventura  - com o líder do partido a assumir responsabilidade pelo resultado -, se refletisse na composição da Assembleia da República. E o partido passaria a ter eleitos apenas em Lisboa, Porto, Setúbal, Braga, Aveiro, Leiria, Coimbra, Santarém, Faro, Viseu e Fora da Europa.

Maior beneficiária da queda do Chega seria a Iniciativa Liberal, que saltaria de 8 para 20 deputados, com um forte avanço em Lisboa e Porto, embora também surpreendesse com a eleição do seu cabeça de lista pela Europa.

Esquerda nivelada e PAN desaparece

Quase sem diferenças ficaria o quadrante esquerdo do hemiciclo, ainda que o Bloco de Esquerda deixasse de ter mais um deputado do que o PCP e o Livre. Isto porque os resultados das europeias conduziriam à eleição de um segundo comunista em Setúbal e de um terceiro elemento do Livre em Lisboa. Piores seriam as notícias para o PAN, cujos 12.807 votos em Lisboa não bastariam para manter Inês de Sousa Real.

Onde é que os partidos ganhariam e perderiam deputados?

Aliança Democrática (+9)
Ganharia em: Aveiro, Viseu, Madeira, Viana do Castelo, Vila Real, Açores, Castelo Branco, Portalegre e Europa.

PS (+9)
Ganharia em: Lisboa, Porto (2), Braga, Aveiro, Santarém, Faro, Guarda, Évora e Beja.
Perderia em: Europa.

Iniciativa Liberal (+12)
Ganharia em: Lisboa (3), Porto (2), Setúbal, Braga, Leiria, Coimbra, Santarém, Faro e Europa.

Chega (-31)
Perderia em: Lisboa (4), Porto (4), Setúbal (2), Braga (2), Aveiro (2), Leiria, Coimbra, Santarém (2), Faro (2), Viseu, Madeira, Viana do Castelo, Vila Real, Açores, Castelo Branco, Guarda, Évora, Beja, Portalegre e Europa.

Bloco de Esquerda (=)

CDU (+1)
Ganharia em: Setúbal.

Livre (+1)
Ganharia em: Lisboa.

PAN (-1)
Perderia em: Lisboa.