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17 fevereiro 2024 às 11h45
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Aplicações de namoro podem ser viciantes? Especialistas dizem que sim

Seis utilizadores processaram as apps Tinder e Hinge por usarem recursos semelhantes a jogos eletrónicos para prenderem os utilizadores "a um ciclo perpétuo de pagar para jogar”. 

As aplicações de namoro e encontros podem criar vícios, dizem especialistas, segundo o jornal britânico The Guardian

Na passada quarta-feira, seis utilizadores destas aplicações processaram o Tinder e  o Hinge de usar recursos semelhantes a jogos que prendem os utilizadores "a um ciclo perpétuo de pagar para jogar”. 

Segundo a autora do livro The Future of Seduction,  Mia Levitin, as aplicações podem ter mecanismos viciantes desde o início, sendo que o co-fundador do Tinder, Jonathan Badeen, admitiu que o deslizar para a esquerda e para a direita na aplicação foi inspirado na experiência desenvolvida pelo ciêntista B.F. Skinner com pombos, onde os animais foram colocados dentro de uma caixa e aprenderam a ativar alavancas para receber comida. 

“Ao utilizar este sistema de recompensa no cérebro, que privilegia a dose de dopamina a curto prazo na procura de recompensas a longo prazo, o design das aplicações de namoro incentiva-nos a continuar a jogar. É como uma solução rápida”, explicou Mia Levitin, citada no The Guardian.

Já a professora da Universidade de Leeds em Inglaterra, Natasha McKeever afirma que os aplicativos de namoro parecem “encorajar maus comportamentos como o ghosting (deixar de responder a mensagens) e relacionamentos em segundo plano”.  Estes comportamentos podem levar à sensação que as pessoas podem sempre encontrar “um parceiro melhor que está a apenas a um deslize de distância”. 

Para evitar este tipo de comportamentos, Luke Brunning, também professor de filosofia da Universidade de Leeds, explica que as plataformas poderiam introduzir melhorias, castigando o ghosting e terminando com número ilimitado de likes nas aplicações.

Tinder e outras aplicações de encontros acusadas de promover uso compulsivo

A Match Group, proprietária do Tinder, Hinge e outras aplicações de encontros, foi alvo de um processo judicial que acusa a empresa de incentivar o uso compulsivo destas plataformas, para gerar lucros.

Tinder, Hinge e outras aplicações de encontros estão repletos de recursos viciantes que incentivam o uso compulsivo, pode ler-se na ação judicial divulgada esta quarta-feira pela Associated Press (AP).

A ação, apresentada no tribunal federal do distrito norte da Califórnia no Dia dos Namorados, refere que a Match apresenta intencionalmente as suas plataformas de namoro com recursos semelhantes aos de jogos que "prendem os utilizadores a um ciclo perpétuo de pagar para jogar", priorizando o lucro em vez das promessas de ajuda para os utilizadores encontrarem relacionamentos.

Esta política, de acordo com o processo, transforma os utilizadores em viciados, que compram assinaturas cada vez mais caras para aceder a recursos especiais que prometem romance e encontros.

"O modelo de negócios da Match depende da geração de retornos por meio da monopolização da atenção dos utilizadores, e a Match garantiu o seu sucesso no mercado ao fomentar o vício em aplicações de encontros que gera assinaturas caras e uso perpétuo", pode ler-se no processo.

A ação foi movida por seis utilizadores de aplicações de encontros e procura o estatuto de ação coletiva.

Representantes da Match, com sede em Dallas (Texas), não responderam imediatamente a um pedido de comentário da AP.

Embora se concentre em adultos, o processo surge num momento em que as empresas de tecnologia enfrentam um escrutínio cada vez maior sobre características viciantes que prejudicam a saúde mental dos jovens.

As aplicações da Match, de acordo com o processo contra a empresa, "aplicam recursos reconhecidos de manipulação de dopamina" para transformar os utilizadores em "jogadores presos numa busca por recompensas psicológicas, que a Match torna ilusória de propósito".