Protesto (com vídeos)
01 fevereiro 2024 às 09h55
Atualizado em 01 fevereiro 2024 às 14h15
Leitura: 5 min

Momentos de tensão junto ao Parlamento Europeu. Manifestantes em Bruxelas derrubaram estátua e atearam fogueiras

"Pelo menos 600" agricultores concentram-se em frente do Parlamento Europeu para revindicar a valorização do setor e condições justas, à semelhança de protestos que estão a decorrer em toda a Europa, incluindo Portugal.

Filas de tratores começaram esta quinta-feira a circular, num buzinão, pelas ruas do bairro europeu de Bruxelas ao início da manhã, ao mesmo tempo que decorre uma cimeira de líderes da UE. 

Já se registaram momentos de tensão que levaram as autoridades a intervir, de acordo com o Daily Mail.

Vários agricultores reunidos em frente à representação do Parlamento Europeu em Bruxelas derrubaram e queimaram uma estátua do monumento que adorna o centro da Praça de Luxemburgo, em Bruxelas.

Os manifestantes atiraram ovos e incendiaram fardos de palha diante do cordão policial que os separa do pátio que dá acesso ao edifício.

A polícia belga utilizou mangueiras do cordão de segurança montado pela polícia de choque para tentar apagar os fogos que estavam mais próximos, mas a fogueira no centro da praça com a estátua derrubada, pedaços de cartão e ferro ainda estavam a arder até depois do meio-dia (11:00 em Lisboa), segundo a agência noticiosa espanhola EFE, causando uma nuvem constante de fumo negro que dominou o protesto.

Tudo decorreu numa atmosfera de protesto e de celebração, com os agricultores a gritarem palavras de ordem e a tentarem aproximar-se o mais possível da representação do Parlamento Europeu, empunhando cartazes e muitos deles também as bandeiras dos diferentes países da União Europeia (UE).

Grupos de tratores encontram-se desde a madrugada na circular interna da capital belga, dificultando o trânsito, e as autoridades pediram aos cidadãos que utilizem os transportes públicos para se deslocarem na capital. 

A polícia rodoviária federal também informou que vários grupos de tratores se encontravam em várias estradas nacionais e circundantes em direção à capital. 

Protestos dos agriculturas junto ao Parlamento Europeu, em Bruxelas
EPA/OLIVIER MATTHYS
Protesto de agricultores em Bruxelas. EPA/OLIVIER HOSLET

Segundo os números da polícia, muitas centenas de agricultores estão reunidos em frente ao Parlamento Europeu, em Bruxelas, para reclamar a valorização do setor e condições justas, no seguimento de protestos a decorrer em toda a Europa, incluindo Portugal.

"São muitas centenas, diria que pelo menos 600", disse fonte policial em declarações à Lusa, a propósito do protesto que decorre na capital belga.

A cólera dos agricultores belgas, que iniciaram as ações de protesto no domingo, vai intensificar-se durante o dia em Bruxelas para mostrar o descontentamento do setor aos dirigentes europeus.

Representantes de associações agrícolas de diferentes países, incluindo de Portugal, Espanha e Itália, vão participar numa manifestação no bairro europeu, pela hora do almoço, para explicar as razões do protesto.

As razões do descontentamento dos agricultores, que nos últimos meses provocaram protestos em mais de 15 Estados-membros, incluindo Alemanha e França, não deverão ser formalmente abordadas nesta cimeira.

No entanto, o Presidente francês, Emmanuel Macron, disse já pretender debater a questão durante a estada em Bruxelas.

Macron disse que vai propor à presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, uma série de alterações na política agrícola, nomeadamente nas regras de retirada de terras da produção e na entrada de produtos ucranianos, para responder à crise que Paris enfrenta com os protestos do setor.

Na quarta-feira, a Comissão Europeia propôs a prorrogação por mais um ano dos benefícios comerciais concedidos à Ucrânia para apoiar a economia do país, face à invasão da Rússia, mas introduziu salvaguardas para o caso de os mercados agrícolas de um ou mais países serem afetados.

Além disso, a Comissão Europeia propôs, na quarta-feira, a revogação da regra que obriga os agricultores a manterem parte das terras aráveis em pousio durante todo este ano, uma medida exigida por manifestantes em vários Estados-membros da UE.

Notícia atualizada às 14:15