Saúde
04 setembro 2024 às 20h06
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Metade da equipa de cirurgiões do Amadora-Sintra demite-se após regresso de dois médicos que denunciaram más práticas

Administração do hospital confirmou ao DN a reintegração dos dois médicos que, em 2022, acusaram o serviço onde trabalhavam de más práticas clínicas. Estas foram depois refutadas por uma investigação da Ordem dos Médicos. Em protesto, nove médicos - metade da equipa de cirurgiões - pediu demissão.

Nove médicos do serviço de cirurgia geral do Hospital Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) apresentaram a demissão, confirmou esta quarta-feira ao DN o conselho de administração desta unidade hospitalar.

Em causa está a reintegração de dois médicos - Vítor Nunes e António Pedro Gomes – que há dois anos denunciaram más práticas clínicas no serviço de cirurgia geral.

A denúncia originou uma investigação conduzida por peritos da Ordem dos Médicos, que concluíram que que não houve más práticas clínicas, ainda que tenha sido identificada uma “má opção cirúrgica”. No fim, os dois médicos denunciantes foram suspensos por um período de três meses e ainda cumpriram uma comissão de serviço no Hospital de Vila Franca de Xira, através de um protocolo entre os dois hospitais.

Agora, “a Unidade Local de Saúde de Amadora/Sintra, E.P.E. confirma o regresso dos médicos especialistas em cirurgia geral, que pertencem ao mapa de pessoal desta ULS e estavam a exercer funções noutro hospital”.

O serviço de cirurgia geral do Hospital Amadora-Sintra conta atualmente com 18 médicos especialistas, significando que os nove que pediram a demissão representam metade desta equipa. De acordo com fonte conhecedora deste processo se estas demissões se concretizarem "o serviço perde a idoneidade formativa e os internos são transferidos para outros hospitais".  Neste momento, segundo fonte da instituição, há 13 internos desta especialidade.

“O conselho de administração recebeu, à data, nove cartas de denúncia do contrato de trabalho de médicos de cirurgia geral”, adiantou ao DN a instituição.

A mesma fonte garantiu que há “processos de contratação em curso”, ainda que não tenha confirmado se surgem como resposta aos pedidos de demissão ou se já era uma estratégia perseguida pelo conselho de administração antes deste protesto.

Para já, face à possibilidade de o Amadora-Sintra ver reduzido o seu efetivo de médicos especialistas, o conselho de administração garantiu ao DN que “está a acompanhar esta situação em proximidade com a Direção do Serviço de Cirurgia Geral, no sentido de assegurar a melhor solução, para salvaguarda dos interesses da instituição e dos utentes”.

Fonte próxima dos dois médicos que serão reintegrados no serviço de cirurgia geral não quis confirmar o regresso ao trabalho dos cirugiões, apontando apenas que espera pelo "desenrolar dos acontecimentos".

O DN contactou o Ministério da Saúde, com o objetivo de saber que medidas estão em curso para responder à situação, ou se tem conhecimento destas demissões, mas não obteve resposta em tempo útil.