A escritora guadalupense Maryse Condé, uma das autoras mais famosas do mundo francófono, morreu aos 90 anos, disse o marido à AFP esta terça-feira.
Maryse Condé morreu durante o sono no hospital da cidade de Apt, no sudeste de França, na segunda-feira à noite, disse o marido Richard Philcox.
Era conhecida como uma das maiores cronistas das lutas e triunfos dos descendentes de africanos levados como escravos para as Caraíbas.
Muitas vezes apontada para o Prémio Nobel da Literatura, "a grande contadora de histórias" de Guadaluoe, um território francês nas Caraíbas, ganhou o prémio alternativo da Nova Academia Sueca em 2018.
Nascida em Pointe-a-Pitre a 11 de fevereiro de 1934, Condé abordou o racismo, o sexismo e uma multiplicidade de identidades negras, tendo sido também uma das primeiras a denunciar a corrupção dos novos Estados africanos independentes.
Foi também professora nos Estados Unidos durante muitos anos.
O seu primeiro livro, Heremakhonon, que significa "À Espera da Felicidade" na língua malinke da África Ocidental, causou um escândalo em 1976 e foi publicado.
Condé "descreve a devastação do colonialismo e o caos pós-colonial numa linguagem que é simultaneamente precisa e avassaladora", afirmou a Academia em 2018.
"Estou muito feliz e orgulhosa com este prémio", afirmou Maryse Condé na altura.
Guadalupe, uma parte ultramarina de França, "só é mencionada quando há furacões ou terramotos", afirmou.
Maryse Condé, que sofria de uma doença neurodegenerativa, vivia na aldeia de Gordes, no sudeste de França, para onde se mudou com o marido na década de 1980.
Foi aí que ditou o seu último livro a um amigo, L'Evangile du nouveau monde, a sua reescrita do Novo Testamento.