Óbito
02 abril 2024 às 10h42
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Escritora francesa Maryse Condé morre aos 90 anos

Ficou conhecida como uma das maiores cronistas das lutas e triunfos dos descendentes de africanos levados como escravos para as Caraíbas.

A escritora guadalupense Maryse Condé, uma das autoras mais famosas do mundo francófono, morreu aos 90 anos, disse o marido à AFP esta terça-feira.

Maryse Condé morreu durante o sono no hospital da cidade de Apt, no sudeste de França, na segunda-feira à noite, disse o marido Richard Philcox.

Era conhecida como uma das maiores cronistas das lutas e triunfos dos descendentes de africanos levados como escravos para as Caraíbas.

Muitas vezes apontada para o Prémio Nobel da Literatura, "a grande contadora de histórias" de Guadaluoe, um território francês nas Caraíbas, ganhou o prémio alternativo da Nova Academia Sueca em 2018.

Nascida em Pointe-a-Pitre a 11 de fevereiro de 1934, Condé abordou o racismo, o sexismo e uma multiplicidade de identidades negras, tendo sido também uma das primeiras a denunciar a corrupção dos novos Estados africanos independentes.

Foi também professora nos Estados Unidos durante muitos anos.

O seu primeiro livro, Heremakhonon, que significa "À Espera da Felicidade" na língua malinke da África Ocidental, causou um escândalo em 1976 e foi publicado.

Condé "descreve a devastação do colonialismo e o caos pós-colonial numa linguagem que é simultaneamente precisa e avassaladora", afirmou a Academia em 2018.

"Estou muito feliz e orgulhosa com este prémio", afirmou Maryse Condé na altura.

Guadalupe, uma parte ultramarina de França, "só é mencionada quando há furacões ou terramotos", afirmou.

Maryse Condé, que sofria de uma doença neurodegenerativa, vivia na aldeia de Gordes, no sudeste de França, para onde se mudou com o marido na década de 1980.

Foi aí que ditou o seu último livro a um amigo, L'Evangile du nouveau monde, a sua reescrita do Novo Testamento.