Guerra na Ucrânia
08 dezembro 2024 às 12h50
Atualizado em 08 dezembro 2024 às 15h15
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Moscovo acusa Zelensky de “recusar negociar” paz com Putin

"Zelensky, por decreto, proibiu-se a si e à sua administração de qualquer contacto com os líderes russos", recordo o Kremlin. Presidente ucraniano revelou que 43 mil soldados ucranianos foram mortos e 370 mil ficaram feridos desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022.

O Kremlin acusou este domingo o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de “recusar negociar” com Vladimir Putin o fim do conflito na Ucrânia, exigindo mais uma vez que Kiev tenha em conta “as realidades no terreno”.

“Foi o lado ucraniano que recusou e ainda se recusa a negociar. Além disso, Zelensky, por decreto, proibiu-se a si e à sua administração de qualquer contacto com os líderes russos, e esta posição não mudou”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos jornalistas.

O Kremlin tomou nota do apelo do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para um cessar-fogo imediato na Ucrânia e o início de negociações para pôr fim à guerra, mas não acredita que Kiev queira negociar, disse hoje o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

“Lemos atentamente as declarações feitas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, após o seu encontro em Paris com [o Presidente de França, Emmanuel] Macron e [o Presidente da Ucrânia, Volodymyr] Zelensky”, disse, segundo a agência noticiosa Interfax.

O representante do Kremlin sublinhou que a posição da Rússia em relação à Ucrânia “é bem conhecida” e as suas condições foram declaradas em meados do ano pelo Presidente russo, Vladimir Putin, mas “é precisamente a Ucrânia que rejeitou e continua a rejeitar as negociações”.

“Para seguir o caminho da paz, bastaria que Zelensky revogasse o seu decreto [que proíbe as negociações com a Rússia] e ordenasse o retomar do diálogo com base nos acordos de Istambul e tendo em conta a realidade no terreno”, disse.

Peskov questionou o número de vítimas ucranianas e russas declarado por Trump e observou que se trata de “uma interpretação ucraniana”, mas “os números reais são totalmente diferentes”.

“As baixas ucranianas excedem várias vezes as baixas do lado russo”, concluiu.

Donald Trump apelou este domingo a um “cessar-fogo” imediato na Ucrânia e ao início de negociações para pôr fim à guerra iniciada pela Rússia contra aquele país.

Horas depois de se ter reunido em Paris com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, num encontro no Palácio do Eliseu, em Paris, com o Chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, Trump enviou uma mensagem através da sua rede social Truth Social sobre a sua opinião sobre o conflito.

Segundo o Presidente eleito, a Rússia perdeu “perto de 600 mil soldados” mortos ou feridos “numa guerra que nunca deveria ter começado”, enquanto a Ucrânia sofreu a perda de 400 mil soldados “e muito mais civis”.

Zelensky deseja "paz duradoura" que a Rússia não seja capaz de destruir

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, revelou depois numa mensagem nas redes sociais que 43 mil soldados ucranianos foram mortos e 370 mil ficaram feridos desde o início da invasão russa [24 de fevereiro de 2022]. Além disso, afirmou desejar uma "paz duradoura" para o seu país, que a Rússia não seja capaz de "destruir em poucos anos" com um novo conflito.

"Disse que precisamos de uma paz justa e duradoura, uma paz que os russos não sejam capazes de destruir em poucos anos, como fizeram tantas vezes no passado", escreveu Zelensky na rede social Telegram, referindo-se ao encontro, que decorreu no sábado em Paris, com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e o Presidente francês, Emmanuel Macron, à margem da reabertura da Catedral Notre-Dame.

Para o Presidente ucraniano, quando se fala em paz entre a Ucrânia e a Rússia deve-se, antes de mais, "falar de garantias de paz efetivas".

No sábado, Zelensky admitiu ter tido uma reunião "boa e frutífera" com Trump e Macron, ressalvando que todos querem "que esta guerra termine o mais rapidamente possível e de uma forma justa".

"Falámos sobre o nosso povo, a situação no terreno e defendendo uma paz justa", escreveu Zelensky, acrescentando que os três líderes "concordaram em continuar a trabalhar juntos".