Obituário (1999-2024)
11 fevereiro 2024 às 23h15
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Morreu Kelvin Kiptum, recordista mundial da maratona

Queniano morreu este domingo aos 24 anos, na sequência de um acidente de viação no Quénia. Treinava para ser o primeiro a baixar a marca das duas horas. "Era o nosso futuro. Um atleta extraordinário", lamentou o presidente do Quénia.

Kelvin Kiptum era o recordista mundial da maratona. Viu a marca de 2.00.35 horas conseguida na maratona de Chicago de 2023 ratificada pela World Athetics há cinco dias. Morreu este domingo, perto de Kaptagat, no Quénia, na sequência de um acidente de viação, que também vitimou o seu técnico, o ruandês Garvais Hakizaman.

Nasceu em 1999 no Keio District e cresceu a admirar o compatriota Eliud Kipchoge, a quem superou com apenas 23 anos, retirando 34 segundos ao recorde mundial. Aos 24 anos treinava intensamente para tentar baixar a barreira das duas horas a correr a maratona (42 Km) de Roterdão, marcada para abril.  "O percurso é ideal e a multidão nas ruas incentiva a dar o meu melhor, portanto, se a preparação estiver no rumo certo e as condições climáticas permitirem, irei em frente no próximo dia 14 de abril em Roterdão", disse numa entrevista à Gazzetta dello Sport.

A vida tinha outros planos para o principal candidato ao ouro nos Jogos Olímpicos Paris2024. A morte do maratonista foi confirmada pela família. "O carro conduzido pelo atleta despistou-se e caiu numa ravina de cerca de 60 metros e só parou quando bateu numa árvore", segundo explicou Peter Mulinge, comandante da polícia local citado pela Imprensa queniana.

O acidente ocorreu na zona de Elgeyo-Marakwet, conhecido pelos acampamentos de treino de atletas de elite.

Kiptum estreou-se internacionalmente na Meia Maratona de Lisboa em 2019 e terminou em quinto lugar, mas apareceu com força no mundo do atletismo em dezembro de 2022, quando se estreou na maratona de Valência com um tempo de 2.01.53. Era a primeira vez que percorria os 42,195 km profissionalmente e isso fez com que reparassem nele sem mais tirar os olhos das suas marcas. Em 2023, venceu a Maratona de Londres em 2.01.25, estabelecendo a melhor marca da prova e meses depois bateu o recorde mundial na maratona de Chicago, a 8 de outubro do ano passado.

"Estamos chocados e devastados pela notícia da morte de Kelvin Kiptum e seu técnico, Gervais Hakizimana. Em nome da World Athletics, transmitimos nossas mais profundas condolências aos seus familiares, amigos, companheiros de equipe e à nação queniana", postou Sebastian Coe, presidente da World Athletics, nas redes sociais, mostrando a fotografia do encontro entre ambos na semana passada, depois de ratificar a melhor marca do queniano.

Presidente do Quénia chora morte do "atleta extraordinário"

O Presidente do Quénia, William Ruto, lamentou esta segunda-feira a morte do jovem atleta queniano Kelvin Kiptum.

"Kelvin Kiptum era uma estrela. Possivelmente um dos melhores desportistas do mundo que rompeu barreiras para conseguir um recorde na maratona", disse o Presidente do Quénia na rede social X (antigo Twitter), recordando que o atleta só tinha 24 anos.

A morte do jovem atleta queniano Kelvin Kiptum causou um enorme choque no Quénia, que reagiu com inúmeras demonstrações de consternação e homenagens.

"Kiptum era o nosso futuro. Um atleta extraordinário deixou uma marca extraordinária no mundo. Os nossos pensamentos estão com a família e a fraternidade desportiva. Que descanse em paz", acrescentou William Ruto.

A primeira-dama do país, Rachel Ruto, declarou-se "de coração partido" pela morte da atleta, que descreveu como "um símbolo de resiliência, de trabalho árduo e do espírito indomável do povo queniano".

Por sua vez, o vice-presidente do país, Rigathi Gachagua, descreveu a morte do atleta como uma "grande perda", "uma estrela incrível [que] ergueu bem alto a bandeira queniana, trazendo glória à nação".

No acidente, ocorrido no domingo à noite, morreu também o treinador do corredor.

"A World Athletics lamenta profundamente a notícia da morte do recordista mundial da maratona Kelvin Kiptum, que morreu num acidente de viação, aos 24 anos. O seu treinador, Gervais Hakizimana, que estava no carro com Kiptum, também morreu no acidente", revela o organismo que rege o atletismo mundial.

Kipchoge "profundamente triste" com a morte do compatriota e sucessor

O atleta queniano Eliud Kipchoge, bicampeão olímpico da maratona, assumiu-se hoje "profundamente triste" com a morte do seu compatriota que bateu o seu recorde do mundo na distância Kelvin Kiptum, num acidente de viação.

"Estou profundamente triste pela trágica morte do recordista mundial da maratona e estrela em ascensão Kelvin Kiptum", escreveu Kipchoge, nas suas páginas oficiais nas redes sociais.

Kipchoge, de 39 anos, foi detentor do recorde do mundo da maratona desde 16 de setembro de 2018 (02:01.39 horas) -- uma marca que melhorou para 02:01.09 em 25 de setembro de 2022 -- e até 08 de outubro de 2023, quando Kiptum, de 24 anos, o estabeleceu em 02:00.35.

"Um desportista que tinha toda uma vida pela frente, para alcançar uma grandeza incrível. Ofereço os meus mais sentidos pêsames à sua jovem família. Que Deus os console neste momento difícil", concluiu Kipchoge.