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Política
08 setembro 2024 às 00h46
Leitura: 4 min

Lisboa e Porto com mais de 84% de abstenção na vitória de Montenegro

Candidato único a um segundo mandato obteve a maior percentagem de votos de sempre, mas os militantes dos grandes centros urbanos alhearam-se das diretas social-democratas. Mais de metade do eleitorado é de seis distritos a Norte. E 44 concelhias tiveram cinco votos ou menos.

A reeleição de Luís Montenegro para o segundo mandato como presidente do PSD permitiu ao atual primeiro-ministro estabelecer um novo recorde de percentagem de votos, contando com 97,45% dos militantes social-democratas que participaram numas eleições diretas sem outro candidato. Mas a dimensão da vitória, com apenas 326 votos brancos e 97 nulos a destoarem dos 16.179 favoráveis, não esconde que os resultados mostram o partido numa posição frágil nos maiores centros urbanos, e em particular em Lisboa e Porto, as principais cidades portuguesas.

Apesar de a abstenção nas eleições diretas do PSD, disputadas na tarde e noite de sexta-feira, ter sido de 60,21% entre os 41.863 militantes com quotas em dia e direito a votar, a percentagem dos que optaram por ficar em casa subiu para 84,51% na concelhia de Lisboa e 84,44% na do Porto. E também esteve acima da média noutros dos municípios mais populosos de Portugal, como Sintra (61,63%), Vila Nova de Gaia (62,63%) e, de forma mais vincada, Cascais (76,83%), que tem em comum com a capital ser uma autarquia social-democrata.

Ao contrário do que aconteceu em 2022, quando Luís Montenegro derrotou Jorge Moreira da Silva nas diretas para a sucessão de Rui Rio, Lisboa surge apenas em nono lugar entre as concelhias em que mais militantes participaram na reeleição do atual presidente, descendo de 1157 para 254 votantes. E o Porto (baixa de 571 para 163) e Cascais (de 438 para 151) nem sequer estão entre os dez municípios com maior participação eleitoral.

A concentração da militância social-democrata no Norte voltou a confirmar-se, com mais de metade dos votos a virem dos distritos de Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Bragança, Porto e Aveiro, mas a diferença nestas diretas é o aumento de peso de concelhias como Bragança - a que teve maior participação, com 562 votos expressos e apenas 13,97% de abstenção -, ficando o “top cinco” completo com Vila Nova de Famalicão, Vila Nova de Gaia, Trofa e Funchal. No que toca a Lisboa e ao Porto, antigos dirigentes têm defendido a tese de que o partido “está amorfo e adormecido”, o que contrasta com as ambições de, respetivamente, reconfirmar a presidência de Carlos Moedas nas autárquicas de 2025, e conquistar a Câmara do Porto, após uma dúzia de anos de mandatos do independente Rui Moreira.

Outro motivo de preocupação decorrente das diretas para a presidência do PSD é o aumento do número de municípios em que a participação de militantes é diminuta. Desta vez houve 44 concelhias que registarem cinco votos expressos ou menos, havendo nove em que não foi apurado um só voto (Alcanena, Campo Maior, Constância, Crato, Gavião, Idanha-a-Nova, Mora, Penamacor e Portel), mais três do que em 2022, quando 28 concelhias tiveram cinco ou menos votos expressos. 

“Espírito reformista” no vídeo

Garantidos mais dois anos à frente do PSD, durante os quais assume o desafio de recuperar a presidência da Associação Nacional de Municípios Portugueses e a Associação Nacional de Freguesias, Montenegro celebrou a reeleição num vídeo divulgado nas redes sociais do partido “grande e dinâmico” que continuará a liderar.

“Nos próximos anos, vamos continuar o espírito reformista e transformador que trouxemos ao Governo de Portugal, com muita sensibilidade social, a atender à resolução de cada problema concreto de cada portuguesa e de cada português”, disse o também primeiro-ministro.