Microsoft
19 julho 2024 às 08h46
Atualizado em 19 julho 2024 às 11h47
Leitura: 12 min

Falha informática global corrigida. Normalidade começa a ser restabelecida depois do caos

Problema nos sistemas operativos da Microsoft provocou uma falha informática que afetou e ainda afeta vários setores da sociedade a nível mundial. Gigante tecnológica diz que "está a tomar medidas de mitigação". ANA admite constrangimentos nos aeroportos nacionais.

Bancos, aeroportos e meios de comunicação social, como a Sky News, que não conseguiu emitir durante algumas horas, foram afetados, esta sexta-feira, por uma falha informática global, que também atinge Portugal. A Microsoft já veio dizer que "está a tomar medidas de mitigação" e a resolver os constrangimentos junto dos clientes, um relativo ao Azure e outro relacionado com uma empresa de cibersegurança norte-americana, CrowdStrike.

O problema nos sistemas operativos da Microsoft está a ter impacto mundial e Portugal não é exceção. A ANA- Aeroportos diz que são esperados constrangimentos nos aeroportos nacionais já que há companhias aéreas e empresas de 'handling' afetadas pela falha global no sistema da Microsoft, pedindo aos passageiros que se informem sobre o estado dos seus voos.

Em resposta à Lusa, a ANA - Aeroportos Nacionais explica que algumas companhias aéreas e empresas de assistência em terra ('handling') estão a ser afetadas devido a uma falha informática o que está a causar constrangimentos, nomeadamente no 'check-in' e no embarque de alguns voos.

A gestora aeroportuária adiantou que "o sistema informático dos aeroportos portugueses não foi afetado diretamente". Neste momento, refere fonte oficial da empresa, "está a ser avaliado o impacto desta situação sendo esperados constrangimentos na operação aeroportuária que afetam companhias aéreas e outros aeroportos".

Assim, solicita aos passageiros que se informem sobre o estado do seu voo antes de se dirigirem para o aeroporto.  

Segundo a SIC Notícias, que cita informação dada pela ANA-Aeroportos, o embarque de passageiros da KLM e da Ryanair está a ser feito manualmente e a provocar muitos atrasos. 

A Meo regista constrangimentos em "alguns canais de atendimento", mas não tem qualquer peturbação nos serviços de comunicação dos seus clientes, disse à Lusa fonte oficial da operadora da Altice Portugal. Empresa referiu que estão a "ser tomadas todas as medidas para normalização destes canais".

Já a Vodafone Portugal não regista perturbações na rede na sequência das falhas detetadas na Microsoft, mas têm as equipas a acompanhar a situação, garantiu à Lusa fonte oficial.

Microsoft está a resolver constrangimentos relativos à Azure e CrowdStrike

A gigante tecnológica refere que está a trabalhar para resolver os constrangimentos junto dos clientes, um relativo ao Azure e outro relacionado com o CrowdStrike, de acordo com esclarecimento enviado à Lusa. 

Relativamente ao Azure, "estamos conscientes do problema que está a afetar" um conjunto de clientes, refere a Microsoft.

"Reconhecemos o impacto que isso pode ter sobre os clientes e estamos a trabalhar para restaurar os serviços" para aqueles que ainda enfrentam disrupções "o mais rápido possível".

Já sobre a questão relacionada com o CrowdStrike, a empresa diz que há um "problema que está a afetar os dispositivos Windows devido a uma atualização de uma plataforma de 'software' de terceiros".

"Antecipamos que a resolução está próxima", remata a tecnológica.

CEO da CrowdStrike  empresa de cibersegurança dos EUA, afirmou, entretanto, que o problema que provocou a falha a nível mundial, com perturbações em vários serviços e empresas, foi "identificado" e está a ser corrigido.

"A CrowdStrike está trabalhar ativamente com os clientes afetados por uma falha encontrada numa única atualização de conteúdos para os utilizadores do Windows (...). Não é um incidente de segurança ou um ataque de cibersegurança. O problema foi identificado, isolado e uma correção foi aplicada", escreveu George Kurtz nas redes sociais X e LinkedIn. Referiu ainda que os utilizadores de MAC e Linux não estão a ser afetados. 

Antes, a Microsoft já tinha dado conta que estava a tomar medidas para resolver a falha informática global. “Os nossos serviços continuam a registar melhorias contínuas enquanto continuamos a tomar medidas de mitigação”, afirmou a gigante tecnológica numa mensagem publicada na rede social X. 

A falha informática levou ao cancelamento de voos na Austrália, o aeroporto de Berlim, na Alemanha, está mesmo fechado ao tráfego aéreo e a rede ferroviária no Reino Unido também está a sofrer perturbações, de acordo com as empresas, que apontam para problemas técnicos. A Bolsa de Valores de Londres está igualmente a ser afetada.

Todos os aeroportos da Espanha estão a sofrer  “interrupções”, segundo operadora de aeroportos Aena.

“Devido a um incidente no sistema de TI [tecnologias de informação], estão a ocorrer interrupções nos sistemas da Aena e nas redes de aeroportos em Espanha que podem causar atrasos”, refere a empresa .

“Este incidente técnico global está a afetar principalmente as reservas e as informações dos passageiros”, acrescentou a operadora, afirmando que algumas operações continuam graças aos ‘sistemas manuais’. “Continuamos a trabalhar com todas as partes afetadas para reparar esta situação o mais rapidamente possível”, acrescentou.

As principais companhias aéreas norte-americanas, incluindo a Delta, a United e a American Airlines, suspenderam todos os voos na madrugada de sexta-feira, segundo a Administração Federal da Aviação (FAA, na sigla em inglês).

“Todos os voos, independentemente do seu destino, foram suspensos devido a 'problemas de comunicação'”, declarou a FAA num aviso às companhias aéreas.

No Reino Unido, a Sky News tem estado com constrangimentos, não tendo conseguido transmitir em direto durante algumas horas. "Pedimos desculpa aos telespectadores pela interrupção”, afirmou o presidente executivo da emissora, David Rhodes, na rede social X.

Ainda no Reino Unido, o aeroporto de Edimburgo, na Escócia, e o aeroporto de Manchester, em Inglaterra, também comunicaram problemas nos seus serviços.

A maior companhia de caminhos-de-ferro do Reino Unido, a Govia Thameslink Railway (GTR ), avisou os passageiros de que devem contar com perturbações devido a "problemas generalizados" tecnologias de informação (TI). 

A GTR, empresa-mãe das linhas ferroviárias Southern, Thameslink, Gatwick Express e Great Northern, emitiu um alerta nos canais das redes sociais.

"Estamos atualmente a ter problemas informáticos generalizados em toda a nossa rede. As nossas equipas de TI estão a investigar ativamente para determinar a causa do problema", acrescentou a empresa, que alertou para os cancelamentos.

A Bolsa de Valores de Londres estava a funcionar normalmente, mas alguns dos seus serviços de informação estavam indisponíveis devido a problemas técnicos de terceiros, adiantou na sua página.

O Aeroporto de Schiphol, em Amesterdão, informou no seu 'site' que a interrupção estava a ter um "grande impacto nos voos" de e para o movimentado centro europeu. 

No aeroporto de Roma Leonardo da Vinci, alguns voos com destino aos EUA registaram atrasos, enquanto outros não foram afetados. 

Os bancos neozelandeses ASB e Kiwibank disseram que os seus serviços estavam em baixa.

Também o aeroporto de Hong Kong anunciou que algumas companhias aéreas estão a ser afetadas pela falha.

A companhia aérea irlandesa low cost Ryanair fez saber que estava a sofrer uma interrupção na rede devido a uma “falha global de terceiros”.

“Estamos atualmente a sofrer perturbações em toda a rede devido a uma falha global de TI [tecnologias de informação] de terceiros que está fora do nosso controlo. Aconselhamos todos os passageiros a chegarem ao aeroporto pelo menos três horas antes da hora de partida prevista”, declarou a empresa nas redes sociais.

Utilizadores não conseguem aceder a aplicações e serviços Microsoft 365. Empresa está a tentar resolver situação "com a mais alta prioridade e urgência"

O 'site' DownDectector, que acompanha as interrupções de Internet reportadas pelos utilizadores, registou interrupções crescentes nos serviços do Visa, da segurança ADT e da Amazon.

Numa mensagem intitulada "Degradação de serviço", a Microsoft afirma que os utilizadores "podem não conseguir aceder a várias aplicações e serviços Microsoft 365".

A Microsoft acrescenta que está mobilizada e a tratar o assunto "com a mais alta prioridade e urgência, ao mesmo tempo que continua a abordar o impacto contínuo nas restantes aplicações do Microsoft 365 que se encontram num estado degradado".

A Microsoft Azure, plataforma para gestão de aplicações e serviços, confirmou os problemas, adiantando estar a investigar e a trabalhar na sua resolução.

Na região central dos Estados Unidos, na quinta-feira à noite a companhia aérea americana de baixo custo Frontier Airlines já tinha comunicado o cancelamento de vários voos e a suspensão temporária das operações devido a problemas de reserva, o 'check-in', o acesso ao cartão de embarque.

No entanto, há algumas horas a companhia aérea anunciou na rede social X que os seus sistemas estavam a normalizar gradualmente e que estavam em processo de retoma das operações de voo. 

O Coordenador Nacional de Segurança Cibernética da Austrália afirmou que a “falha técnica em grande escala” foi causada por um problema com uma “plataforma de software de terceiros”, dissipando os receios iniciais de envolvimento de piratas informáticos.

O aeroporto de Sydney também está a ser afetado . “Os voos estão atualmente a chegar e a partir, mas poderá haver alguns atrasos durante a noite”, disse um porta-voz do aeroporto. “Ativámos os nossos planos de contingência com as nossas companhias aéreas parceiras e colocámos pessoal adicional nos nossos terminais para ajudar os passageiros.”

O Aeroporto Internacional de Christchurch, na Nova Zelândia, informou que estava “a ter problemas informáticos" em vários sistemas, "o que pode afetar as chegadas e partidas dos voos”.

Os bancos e a rede informática do parlamento neozelandês também foram afetados.

A empresa de telecomunicações australiana Telstra declarou que alguns dos seus sistemas tinham sido interrompidos, o que poderá ter afetado os serviços de emergência que utilizavam a sua rede.

A Telstra afirmou que o problema foi causado por “problemas globais” que afetaram o software fornecido pela Microsoft e pela empresa americana de cibersegurança Crowdstrike.

Jill Slay, investigadora de cibersegurança da Universidade da Austrália do Sul, afirmou que o impacto global das interrupções será provavelmente “enorme”.

Com Lusa